Do crescimento recorde a crise atual: entenda a desaceleração da economia da Chin
Do crescimento recorde a crise atual: entenda a desaceleração da economia da Chin
O impacto global da economia chinesa entre 2001 e 2020, os desafios atuais e as estratégias de empresas internacionais diante da desaceleração
A China protagonizou um dos crescimentos mais rápidos e impressionantes da história econômica moderna. Entre 2001 e 2020, o país viu seu Produto Interno Bruto (PIB) saltar de US$ 1,2 trilhão para impressionantes US$ 15 trilhões.
Esse avanço colocou o país na posição de segunda maior economia mundial, com a próxima ultrapassagem dos Estados Unidos na década.
Entretanto, os últimos anos revelaram os desafios estruturais da economia chinesa. A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças profundas, e agora o país enfrenta uma crise no mercado imobiliário, individualização corporativa elevada e baixa demanda doméstica.
Esses fatores impactam não apenas o futuro econômico da China, mas também o equilíbrio da economia global.
Empresas reavaliam relação com o mercado chinês
Com o crescimento desacelerado, muitas empresas internacionais estão ajustando suas estratégias para lidar com a nova realidade do mercado chinês. Cortes de custos, redução de atividades e até a realocação de investimentos estão na pauta de gigantes de diferentes setores.
Luxo sob pressão: LVMH, Kering e Hermès
As empresas de luxo, como LVMH, Kering e Hermès, dependem significativamente do mercado chinês, que abriga uma grande fatia dos consumidores de alto padrão. No entanto, a diminuição da procura afetou severamente os resultados dessas marcas.
A LVMH, conhecida por marcas como Louis Vuitton e Dior, viu sua receita encolher. Bernard Arnault, dono do conglomerado, também sofreu perdas em sua fortuna, reflexo da desaceleração chinesa.
Outras marcas, como Gucci (Kering) e Hermès, enfrentaram resultados fracos em 2024, com quedas acentuadas nas vendas.
Para mitigar os danos, algumas empresas investiram em estratégias digitais e aumento de preços. A Hermès, por exemplo, apostou na abertura de novas lojas na China, enquanto outras companhias se separaram com consumidores mais cautelosos.
Aviação em queda
A crise econômica também atingiu as companhias aéreas. Empresas como Finnair, British Airways e Lufthansa reduziram voos para a China, citando baixa procura e sobrecarga geopolítica. A Finnair, que operou 42 voos semanais para o país em 2019, agora tem apenas três.
Além disso, o fechamento do espaço aéreo russo elevou os custos operacionais, agravando o cenário. As companhias aéreas chinesas, com preços mais competitivos, também pressionaram suas concorrentes ocidentais, dificultando ainda mais a recuperação desse setor.
L’Oréal e o enfraquecimento do “Skincare”
No setor de cosméticos, a L’Oréal sentiu o impacto da baixa procura por produtos de “skincare” e maquiagem na China. No terceiro trimestre de 2024, a gigante francesa registrou um crescimento modesto de 3,4%, muito abaixo do esperado.
Apesar disso, a empresa mantém confiança no potencial de longo prazo do mercado chinês. Nicolas Hieronimus, CEO da L’Oréal, afirmou que a companhia espera que medidas de estímulo do governo chinês impulsionem a confiança do consumidor.
Alimentação e bebidas reduzem preços
Gigantes como Danone, Nestlé e Unilever enfrentam desafios na China, com consumidores preferindo produtos locais mais acessíveis. A Unilever relatou quedas nas vendas de todas as suas categorias, forçando a empresa a reformular suas estratégias.
A Danone, por sua vez, focou em itens especializados, como fórmulas infantis, enquanto reduzia preços de produtos tradicionais. A Nestlé avançou uma abordagem semelhante, cortando preços em 1,5% e apostando no crescimento das vendas online.
Indústria automotiva em dificuldades
A desaceleração chinesa também afeta as montadas. Volkswagen e Tesla, por exemplo, enfrentam forte concorrência de marcas chinesas de carros elétricos, como a BYD. Em resposta, a União Europeia e os EUA impuseram tarifas sobre veículos chineses, enquanto Pequim retaliava investigando produtos europeus.
A dependência alemã do mercado chinês também é evidente. O setor automotivo, crucial para a economia da Alemanha, sofre com a queda nas exportações para a China, enquanto tenta se reinventar diante da ascensão das marcas locais.
Apple e resiliência tecnológica
Enquanto algumas empresas deixam o mercado chinês, a Apple reforça sua presença. Em 2024, a empresa lançou campanhas promocionais de descontos para manter sua liderança no mercado de smartphones. No entanto, a competição com marcas locais, como Huawei, é intensa.
Tim Cook, CEO da Apple, visitou a China várias vezes neste ano, reafirmando compromissos com o país e anunciando investimentos na cadeia de produção local. Essa postura reflete a importância estratégica da China para um gigante de tecnologia.
Perspectivas e adaptações
A economia chinesa vive um momento de transição. Empresas globais enfrentam desafios para se adaptarem às novas condições do mercado, enquanto Pequim busca soluções para reverter a desaceleração.
O cenário destaca não apenas a complexidade do mercado chinês, mas também sua importância central na economia mundial.
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