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Xi Jinping está priorizando a sobrevivência política em vez da prosperidade econômica

Xi Jinping está priorizando a sobrevivência política em vez da prosperidade econômica

Se os cidadãos da República Popular da China pudessem responder livremente à pergunta: “Você está mais otimista sobre o futuro agora do que antes da chegada de Xi Jinping ao poder?”, a maioria provavelmente responderia com um enfático “não”.

A economia chinesa enfrenta desafios sem precedentes desde a era de Mao, com um colapso na confiança pública. O crescimento econômico desacelerou, o desemprego aumentou e o mercado imobiliário está em crise.

Ainda assim, no recente Terceiro Plenário, uma reunião quinquenal de altos funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC) focada na política econômica, Xi Jinping reafirmou seu compromisso com o controle estatal, ignorando os sinais de crise e mantendo seu curso. Ele até declarou, sem justificativa, que as metas de reforma econômica estabelecidas no Terceiro Plenário de 2013 foram atingidas.

Xi vê o papel do PCC como fundamental em todas as áreas, inclusive na economia. O partido assumiu um papel cada vez mais ativo em empresas privadas, buscando expandir a capacidade industrial através de subsídios maciços, promovendo uma economia voltada para exportações, em detrimento do consumo doméstico. Xi espera dominar o mercado global, eliminando concorrentes estrangeiros com produtos subsidiados, vendidos abaixo do custo.

Esse plano gerou alarme entre líderes estrangeiros e empresariais, enquanto os cidadãos chineses e autoridades locais parecem resignados à sua falta de influência sobre as decisões políticas centrais.

Com essa abordagem, o Terceiro Plenário eliminou as esperanças de que a China superasse seu crescimento estagnado ou corrigisse seus desequilíbrios econômicos, distanciando-se ainda mais do resto do mundo.

Desde o massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989, o PCC tem mantido o poder não apenas pela força, mas por meio de um pacto implícito: o partido garantiria o crescimento econômico, desde que seu domínio permanecesse incontestado.

Com a economia desacelerando, o PCC está falhando em manter sua parte nesse acordo. O aumento de protestos relacionados ao trabalho e à moradia reflete o crescente descontentamento, enquanto o país assiste ao maior êxodo de indivíduos de alto patrimônio líquido de sua história.

A solução para restaurar a confiança e revitalizar a economia chinesa é clara: aliviar o controle político do PCC sobre a economia, reconhecer os problemas reais e apresentar um plano que atenda às necessidades da população.

No entanto, Xi optou por intensificar seu controle, consolidando as empresas estatais, priorizando a ideologia do PCC e ignorando os motores do consumo interno. Ele escolheu o poder político em detrimento da prosperidade.

O Terceiro Plenário demonstrou que a China, sob o comando de Xi, não possui a capacidade de se autocorrigir, pois Xi não permite isso. A centralização de poder sufocou o debate público e as análises críticas, restringindo a formulação de políticas alternativas. Os resultados do Plenário indicam que Xi acredita estar no caminho certo, e que melhores resultados virão com a implementação de suas diretrizes.

Uma análise recente revela que economistas e quadros do partido estavam muito menos dispostos a falar abertamente durante a preparação do Terceiro Plenário deste ano, em comparação com 2013. Xi também mostrou menos abertura para sugestões. Segundo o Asia Society Policy Institute, houve 25% menos sugestões enviadas nesta sessão do que no Terceiro Plenário anterior, e das propostas apresentadas, apenas 12% foram incorporadas ao documento final, com 88% rejeitadas.

Mesmo figuras leais ao regime, como Hu Xijin, ex-editor do Global Times, sofreram consequências ao interpretar mal as decisões do Plenário, sugerindo erroneamente que haveria mais apoio ao setor privado. Nesse ambiente, é difícil imaginar alguém se arriscando para propor reformas significativas, por mais necessárias que sejam.

Xi continua focado na liderança da China em tecnologias avançadas, priorizando esse objetivo em detrimento do bem-estar da população. Para ele, programas de bem-estar social, que poderiam diminuir a tendência de os chineses economizarem mais de um terço de sua renda, são um desvio de recursos que deveriam ser usados para impulsionar a supremacia tecnológica e militar do país.