Afinal, a Ucrânia resiste a mais um ano de guerra? Veja relatos de pessoas presentes nos combates
Afinal, a Ucrânia resiste a mais um ano de guerra? Veja relatos de pessoas presentes nos combates
A Ucrânia enfrenta a exaustão nas frentes de combate, com soldados cansados e a guerra foi arrastada por mais de três anos. As negociações para a paz são incertas, mas a resistência continua firme
A guerra na Ucrânia se arrasta por mais de três anos e começa a mostrar sinais claros de exaustão. Os soldados ucranianos, especialmente nas linhas de frente, estão lutando com cada vez mais dificuldades.
A questão é: o país consegue suportar mais um ano de conflito? A resistência segue firme, mas os russos estão avançando, principalmente no leste, em áreas como Kurakhove, um dos pontos mais críticos da guerra.
O desgaste das forças ucranianas
As forças ucranianas, embora ainda estejam resistindo, enfrentam desafios cada vez maiores. Recentemente, em Kurakhove, um dos confrontos mais intensos dos últimos tempos tem ocorrido.
Os russos se aproximam por três lados, colocando a cidade em risco iminente de cerco. A unidade Black Pack, formada por soldados de diversas profissões e ideologias, tem se destacado nesse contexto. Eles estão na frente, tentando impedir o cerco.
Formada por um chef vegano, um mecânico, um desenvolvedor web e um artista, a unidade representa uma mistura de visões não convencionais. Muitos se autodenominaram anarquistas e todos se voluntariaram para lutar.
Surt, o comandante de 31 anos, se alistou logo após a invasão russa em 2022. No começo, ele acreditava que a guerra duraria três anos. Hoje, sua expectativa mudou para algo ainda mais prolongado.
O impacto das negociações
No meio do desgaste, surge o tema das negociações. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o presidente russo, Vladimir Putin, já indicaram, de forma indireta, que há abertura para um possível diálogo.
No entanto, a realidade de um acordo duradouro parece cada vez mais distante. Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, também manifestou interesse em pôr fim ao conflito, mas isso não tranquiliza os soldados ucranianos.
Surt, o comandante, não rejeita a ideia de negociações, mas tem uma visão realista sobre o que isso representaria. “Entendemos que não há justiça para a Ucrânia. Muitos terão que engolir o fato de que suas casas foram destruídas e seus entes queridos mortos”, diz ele.
Para ele e para a maioria da unidade Black Pack, a opção preferida ainda é continuar lutando. Serhiy, o chef vegano, também acredita que as negociações apenas adiariam a guerra, com o conflito retornando em alguns anos. Para ele, a luta é uma questão de resistência, não de negociação.
A realidade no front
A unidade ucraniana tem uma rotina exaustiva. Eles passam uma semana no front, enfrentando combates intensos, e a seguir descansando. Mesmo quando estão fora de combate, continuam treinando para se manterem motivados.
Em um campo gelado, praticam os exercícios de tiro de morteiros. Denys, um voluntário que deixou sua casa na Alemanha, se juntou à equipe recentemente. Ele compartilha a sensação de perda, mas também a crença de que a luta não pode parar. “Se você não tentar, certamente perderá”, afirma.
No entanto, diferente dos outros, Denys tem uma visão mais cautelosa. Ele acredita que a Ucrânia deveria considerar um cessar-fogo, já que as baixas ucranianas são muito maiores do que as cifras oficiais divulgadas.
Ele estima mais de 400 mil mortos e feridos, um número alarmante que coloca em questão a capacidade do país de continuar o conflito por muitos mais anos.
Dnipro: uma cidade marcada pela guerra
Em Dnipro, a terceira maior cidade da Ucrânia, a sensação de cansaço da guerra é palpável. Diariamente, a cidade é alvo de mísseis e drones russos. As sirenes de ataque aéreo soam a qualquer hora do dia e da noite, interrompendo a rotina da população.
Quando as sirenes param, as pessoas tentam retomar algum sentido de normalidade. Um exemplo disso é uma apresentação de teatro, onde o público, em meio a risos, dedica um minuto de silêncio aos mortos da guerra, seguido do hino nacional.
Porém, o clima é de preocupação. Ludmyla, uma moradora da cidade, é clara ao dizer que, apesar de receber algum apoio, a situação não é mais sustentável. “Infelizmente, somos em menor número.
Precisamos negociar”, diz ela. Kseniia, outra moradora, compartilha um sentimento semelhante. “Muitos dos nossos soldados foram mortos. Eles lutaram por nossos territórios, mas eu quero que a guerra acabe”, afirma.
A voz dos refugiados
Entre os refugiados que deixaram suas casas devido aos bombardeios, há uma demanda crescente por negociações. Num abrigo improvisado no Dnipro, um grupo de mulheres idosas gravou as casas que foram obrigadas a deixar.
Valentyna, de 87 anos, expressa sua tristeza pela perda, mas também agradece pela acolhida que recebeu. “É bom ser bem recebido, mas é melhor estar em casa”, diz ela. Para essas mulheres, a paz e as negociações são mais do que um desejo; é uma necessidade urgente.
Mariia, outra refugiada, reflete sobre o futuro. “Já está claro que ninguém vencerá militarmente”, diz ela. “É por isso que precisamos de negociações”.
E, de fato, se um acordo de paz para o progresso, a Ucrânia pode estar obrigada a abrir mão de territórios, o que traria novas dificuldades, mas, ao menos, traria uma chance de reconstrução.
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