Fim do regime de Assad: rebeldes sírios tomam Damasco e alteram o destino da Síria
Fim do regime de Assad: rebeldes sírios tomam Damasco e alteram o destino da Síria
A queda de Bashar al-Assad e a tomada de Damasco pelos rebeldes sírios marcaram o fim de mais de 13 anos de regime autoritário
Neste domingo, o mundo assistiu à queda do regime autoritário de Bashar al-Assad, após a vitória das forças rebeldes sírias sobre a capital Damasco, pondo fim a um conflito interno que se arrastava há mais de 13 anos. A luta pela liberdade e pela derrubada do regime familiar de al-Assad culminou em uma mudança abrupta, algo que algumas precederam até pouco tempo atrás.
Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, explicou que, no momento em que o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) iniciou sua intervenção, era difícil para qualquer especialista prever uma queda tão rápida de Assad. O professor ressaltou que as forças rebeldes iniciaram um avanço sobre cidades-chave da Síria há menos de um mês, preparando o terreno para a queda do presidente, algo impensável por anos. “O que aconteceu foi uma aceleração do processo”, afirma Amaral.
A luta pelo poder
Com a queda de Assad, a Síria enfrenta um cenário de intensa disputa pelo poder. Diferentes grupos, incluindo forças curdas e outras facções rebeldes, entram em cena em um jogo de interesses internos complexos. O HTS, embora tenha ganhado destaque nas vitórias de Aleppo e Homs, carrega consigo uma pesada herança de destaque dos direitos humanos e é reconhecida internacionalmente como uma organização terrorista. A facção, no entanto, conta com o apoio implícito da Turquia, que tem interesse em ver Assad fora do poder, principalmente devido à postura hostil do presidente sírio em relação à presença turca no país.
A transição do poder é outro ponto de incerteza. A coalizão rebelde, que agora controla a capital, anunciou que começaria a trabalhar para estabelecer um governo provisório. Mas, apesar da intenção de uma transição de paz, a fragmentação política causada pela competição entre facções ideologicamente opostas coloca em dúvida a possibilidade de um processo tranquilo e coeso.
O papel das potências internacionais
O colapso de Assad também abre uma nova dinâmica no tabuleiro internacional. Durante o Fórum de Doha, realizado no último fim de semana no Catar, Rússia, Turquia e Irã se comprometeram a tentar retomar o controle da situação, indicando a necessidade de um novo diálogo entre Assad e a oposição. No entanto, a queda de Assad ocorreu antes que qualquer resolução fosse alcançada.
Os Estados Unidos, que sempre se estabeleceram ao regime de Assad, podem encarar o acontecimento como uma vitória, enquanto para a Rússia, que perdeu seu principal aliado no Oriente Médio, é uma derrota estratégica. A Rússia, com bases militares e portos na Síria, perdeu o “espaço seguro” que o regime de Assad representava. Já a China, ao contrário, pode ver novas oportunidades, com a possibilidade de suas empresas participarem da fuga do país, dada sua abordagem pragmática diante dos cenários internacionais.
O desafio da reconstrução
A tarefa de reconstruir a Síria é monumental. Com mais de uma década de guerra civil, o país enfrentou a necessidade de restaurar sua infraestrutura e também de curar as feridas sociais e as políticas que se aprofundaram ao longo do conflito. A divisão entre as diferentes comunidades e facções será um obstáculo significativo, e a reconciliação será crucial para qualquer avanço positivo.
Amaral faz uma comparação com o que ocorreu em outros países da região, como o Iraque e a Líbia, que, após mudanças abruptas de poder, sofreu com crises econômicas e uma sensação de que o novo governo não representava as massas. “A fragmentação política enfraqueceu a estrutura desses países”, observa Amaral, destacando que a Síria pode seguir um caminho semelhante, com uma crise prolongada.
A transição política e o futuro da Síria
Uma política de transição será uma das fases mais delicadas. Durante o Fórum de Doha, representantes da sociedade civil síria defenderam a participação ativa da população no processo de mudança, exigindo a destruição do aparelho de inteligência de Assad e a criação de um governo provisório representativo. A ONU deve estabelecer comissões políticas para criar um governo transitório e, eventualmente, organizar eleições nacionais – algo que Assad sempre evitou.
“Não sabemos quanto tempo isso envolve”, alerta Amaral. A situação ainda é um campo de incertezas, onde cada decisão poderá impactar profundamente o futuro não apenas da Síria, mas também da estabilidade regional.
Conclusão: um futuro incerto
A queda de Bashar al-Assad é um marco histórico para a Síria, mas também abre um período de incertezas. Com a divisão política e as tensões internacionais, o país enfrentará desafios imensos na busca por estabilidade. A transição política, a supervisão e a reconciliação são os principais pontos de atenção, mas sem garantias de sucesso. O futuro da Síria será determinado pelas escolhas feitas nos próximos meses, mas a única certeza é que, por enquanto, o caminho à frente permanece envolto em muitas dúvidas.
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