Descubra o Yakutia, o mais recente quebra-gelo nuclear da Rússia, projetado para fortalecer a frota e expandir as operações no Ártico. Conheça suas características e inovações tecnológicas

A Rússia deu mais um passo importante na expansão de sua frota de quebra-gelos nucleares com a conclusão do Yakutia, o navio quarto do Projeto 22220.

O enorme navio, movido por energia nuclear, foi oficialmente finalizado em uma cerimônia da bandeira nacional russa, realizada em São Petersburgo, no dia 28 de dezembro de 2024.

Objetivo estratégico e histórico

A construção do Yakutia faz parte de um plano mais amplo da Rússia para fortalecer sua presença no Ártico e expandir suas operações no mar.

O navio, que faz parte de uma série de quatro quebra-gelos nucleares, será operado pela FSUE Atomfloat, uma subsidiária da Corporação Estatal de Energia Atômica da Rússia, a Rosatom.

O Yakutia tem como objetivo auxiliar na Rota do Mar do Norte, uma via de navegação estratégica para o comércio e recursos naturais da região.

O Yakutia é, sem dúvida, uma peça fundamental no desenvolvimento da frota de quebra-gelos nucleares da Rússia. O país tem investido de maneira significativa nesta área desde 1959, quando Lenin, o primeiro navio civil movido por um reator nuclear, foi lançado.

O presidente Vladimir Putin, que participou da cerimônia da bandeira, relembrou esse marco histórico, destacando o aniversário de 65 anos de Lenin.

Desafios e inovações no Projeto 22220

O projeto de construção de quebra-gelos nucleares foi iniciado em 2019, com a assinatura do contrato para a construção de dois navios movidos a energia nuclear.

A quilha do Yakutia foi colocada em maio de 2020 no Estaleiro Báltico, em São Petersburgo, e o navio foi lançado em novembro de 2022. Depois disso, obtiveram os testes no Golfo da Finlândia, que seguiram até dezembro de 2024, quando o Yakutia finalmente foi concluído e pronto para operar.

O Yakutia é o mais novo navio da série, e já existem planos para mais dois quebra-gelos nucleares, com previsão de entrega para 2028 e 2030. Esses novos navios vão aumentar ainda mais a capacidade da Rússia de navegar pelo Ártico e facilitar a exploração de novas rotas comerciais.

Características do Yakutia

Com 172,7 metros de comprimento e 34 metros de largura, o Yakutia tem capacidade para operar em gelo de até 3 metros de espessura, com um deslocamento de 33.540 toneladas.

O navio é alimentado por dois reatores nucleares de 175 MW, o que garante sete anos de operação ininterrupta sem necessidade de reabastecimento.

A fonte de energia, o reator RITM-200, foi desenvolvida e fabricada na Rússia, uma inovação importante, já que as avaliações econômicas ao país dificultaram a aquisição de equipamentos de origem ocidental.

Além das características técnicas, o Yakutia se destaca pelo fato de que a maioria de seus componentes foram produzidos internamente, refletindo o esforço da Rússia para reduzir sua dependência de tecnologia estrangeira.

Isso é visto como uma resposta estratégica às avaliações impostas à Rússia após sua anexação da Crimeia e outras disputas geopolíticas.

Futuro da frota de quebra-gelos nucleares

Alexey Likhachev, Diretor Geral da Rosatom, informou durante a cerimônia que, até 2030, a frota de quebra-gelos nucleares da Rússia deverá contar com 17 navios, um número expressivo, considerando o tamanho e a complexidade das embarcações.

Em novembro de 2024, a Rota do Mar do Norte, vital para o transporte de recursos do Ártico, alcançou um histórico recorde de 38 milhões de toneladas de carga transportadas.

Com a chegada à Yakutia e o avanço na construção de outros quebra-gelos, a Rússia reforça sua posição como líder na exploração do Ártico e nas operações no Mar do Norte, consolidando sua infraestrutura e sua força econômica na região.