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Nissan em crise: cortes drásticos, reestruturação e o desafio da liderança de Uchida

Nissan em crise: cortes drásticos, reestruturação e o desafio da liderança de Uchida

A Nissan enfrenta uma crise global com cortes de empregos, redução na produção e pressão de investidores. Descubra os desafios e estratégias do CEO Makoto Uchida

No início de outubro, durante uma reunião virtual com centenas de gestores, Makoto Uchida, CEO da Nissan Motor, pintou um quadro preocupante. Com vendas e lucros abaixo do esperado, a montadora japonesa anunciou cortes de 9.000 empregos e redução de 20% de sua capacidade global. Para reduzir custos em US$ 2,6 bilhões (R$ 13,5 bilhões), Uchida também cortará metade de seu próprio salário.

A Nissan, pioneira no mercado de veículos elétricos com o Leaf em 2010, enfrenta dificuldades crescentes. Segundo a Reuters, a empresa perdeu espaço nos Estados Unidos e na China, enquanto Tesla e BYD avançam no mercado. Decisões estratégicas equivocadas, como ignorar os híbridos no competitivo mercado americano, agravaram a situação.

Nos EUA, onde os preços elevados dos EVs e a infraestrutura limitada favorecem os híbridos, a Nissan insistiu exclusivamente nos elétricos. Uchida reconheceu o erro, admitindo que a montada subestimou a rápida ascensão dessa tecnologia.

Para tentar reverter a situação, a Nissan anunciou planos ambiciosos: até 2030, lançará 34 modelos de EVs e híbridos, incluindo um híbrido plug-in nos EUA até 2026. No entanto, a recuperação será solicitada. Em 2022, as vendas globais da Nissan caíram para 3,3 milhões de veículos, uma redução de 40% em relação a 2017. A montadara também perdeu US$ 30 bilhões (R$ 156 bilhões) em valor de mercado na década.

Produção e políticas em xeque

Os cortes de produção já foram realizados. Na China, fábricas enfrentam possíveis fechamentos, enquanto na América do Norte, linhas de montagem antigas estão sob avaliação. A planta COMPAS, no México, em parceria com a Mercedes-Benz, opera muito abaixo da capacidade e pode ser encerrada.

A situação é agravada pelas incertezas políticas. O presidente eleito Donald Trump prometeu tarifas de 25% sobre importações do México, o que elevaria os custos de produção da Nissan. Além disso, a fraqueza do iene mantém o Japão fora do radar para cortes imediatos, mas os ajustes estão sendo analisados.

A pressão dos investidores também cresce. Fundos como Effissimo Capital Management e Oasis Management adquiriram fatias significativas da Nissan, aumentando as cobranças por resultados.

O desafio da liderança de Uchida

Desde que assumiu o cargo de CEO em 2019, Uchida teve crises consecutivas, desde a saída conturbada de Carlos Ghosn até problemas internos de gestão. Agora, sua liderança é questionada por analistas e acionistas, com muitos apontando uma troca no comando.

Apesar disso, Uchida permanece firme. “Estou determinado e comprometido em cumprir meu dever como CEO”, afirmou recentemente. Sua estratégia de reestruturação, focada na competitividade e adaptação ao mercado, será decisiva para o futuro da Nissan.

Com rivais avançando e investidores exigindo resultados, os próximos meses serão cruciais. A recuperação da Nissan depende não apenas de novos produtos, mas também da confiança em sua liderança e da habilidade de navegar um cenário global em constante mudança.