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Meta aposta nos óculos de realidade aumentada Orion para se tornar o ‘AirPods’ da RA

Meta aposta nos óculos de realidade aumentada Orion para se tornar o ‘AirPods’ da RA

Em setembro deste ano, a Meta, famosa pela criação do Facebook e outras plataformas sociais, fez um anúncio que agitou o mundo da tecnologia: revelou pela primeira vez um protótipo inicial de seus óculos de realidade aumentada, o Orion. Embora ainda estejam longe de se tornarem um produto comercial disponível para o público, a empresa acredita que o dispositivo pode ser a chave para o futuro da realidade aumentada (RA).

Os óculos Orion: um passo em direção ao futuro

O protótipo dos óculos Orion, segundo a Meta, tem “a aparência e o toque de um par de óculos comum”. Essa descrição, porém, não convenceu completamente alguns analistas. Para quem possui miopia ou está em um ambiente com neblina à noite, talvez seja uma descrição aceitável. No entanto, para o restante das pessoas, os óculos ainda mais se parecem com o que realmente são: um protótipo inicial de um produto que visa aproximar a tecnologia da realidade aumentada de um dispositivo utilizável no dia a dia.

Não se pode negar que, apesar de algumas críticas, o protótipo apresentado pela Meta é uma conquista impressionante. Conseguir colocar tanta tecnologia de RA em um formato que se assemelha a um par de óculos é algo notável. Comparado a dispositivos anteriores, como o Vision Pro da Apple ou a proposta da Xiaomi, os óculos da Meta são um avanço considerável. No entanto, ainda há um grande abismo entre o que a Meta está mostrando e o que as grandes empresas de tecnologia, como a Apple, provavelmente lançariam como um produto de consumo.

Os desafios da Meta e a diferença de abordagem da Apple

O preço de fabricação do protótipo é outro fator a ser considerado: estima-se que seja de cerca de US$ 10.000. Esse é apenas um dos muitos desafios que a Meta enfrenta para transformar o Orion em um produto viável para o consumidor final.

Enquanto a Meta adota uma abordagem mais aberta e pública, exibindo seus protótipos em eventos, a Apple mantém seus óculos de realidade aumentada em segredo, com protótipos guardados a sete chaves em seus laboratórios. Ambas as empresas, porém, parecem ter uma visão em comum: a de que a tecnologia deve ser usada para complementar e aprimorar a experiência do mundo real, e não substituí-la por completo.

A visão da Meta: conectar-se com o mundo real

Joshua To, chefe da divisão de wearables da Meta, compartilhou sua visão sobre o futuro do Orion em uma entrevista à Fast Company. Para ele, o objetivo não é criar um dispositivo que mergulhe o usuário em uma “realidade 2.0” completamente imersiva, mas sim um dispositivo que pode ser facilmente colocado e removido, funcionando mais como um complemento ao mundo real. Ele compara o uso dos óculos com o de fones de ouvido AirPods: você os coloca quando deseja um momento de imersão, como ouvir música, mas os retira quando quer interagir com as pessoas ao seu redor.

Essa abordagem, na verdade, lembra bastante a filosofia da Apple, que sempre valorizou a privacidade e a experiência do usuário sem forçar a imersão constante em um mundo virtual.

Privacidade e identificação: o desafio da Meta

Outro ponto interessante é a proposta da Meta em relação à privacidade e identificação com os óculos Orion. Como alguém que tem dificuldades de reconhecimento facial devido à afasia facial leve, To vê grande valor na ideia de um dispositivo de RA que ajude a identificar pessoas conhecidas. Ele revela que a Meta está desenvolvendo protótipos internos para identificar essas pessoas, mas com um cuidado especial com a privacidade, algo que também é uma preocupação constante da Apple.

No caso do Orion, a Meta pretende permitir que os usuários escolham se desejam ou não compartilhar seu nome e outras informações com aqueles ao seu redor. Em um cenário como o de uma conferência, você poderia optar por revelar seu nome ou permanecer anônimo, com a tecnologia exibindo seu nome apenas se você autorizar. Essa abordagem, segundo To, visa garantir que a privacidade seja respeitada, algo que ele considera “incrivelmente incrível”.

O futuro dos óculos de RA: um passo lento, mas promissor

Embora a Meta tenha dado um grande passo com os óculos Orion, ainda há muito caminho a percorrer. A concorrência com empresas como a Apple e a Xiaomi, além dos altos custos de fabricação e a necessidade de conquistar a confiança do consumidor, tornam esse um desafio complexo. No entanto, a empresa parece determinada a seguir em frente, confiando que, com o tempo, os óculos Orion podem se tornar tão populares e essenciais quanto os AirPods.

Com o avanço da tecnologia e uma abordagem cuidadosa para resolver questões como privacidade e usabilidade, a Meta pode, no futuro, transformar esses óculos de protótipo em um produto de consumo que mudará a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor. Até lá, o Orion permanecerá como uma promessa que, aos poucos, vai se aproximando da realidade.