Skip to main content

Polônia e Ucrânia dão passo histórico: acordo para exumar vítimas do Massacre de Volhynia, que deixou mais 100 mil civis polacos mortos

Polônia e Ucrânia dão passo histórico: acordo para exumar vítimas do Massacre de Volhynia, que deixou mais 100 mil civis polacos mortos

Polônia e Ucrânia avançaram nas exumações das vítimas do massacre de Volhynia, um passo importante para resolver um conflito histórico e melhorar as relações bilaterais

O massacre de cerca de 100.000 civis polacos por uma força paramilitar ucraniana, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, continua a ser um ponto de atrito nas relações entre a Polónia e a Ucrânia.

Recentemente, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk anunciou que tomou a decisão de exumar os corpos das vítimas do massacre de Volhynia, um passo significativo para a resolução de um conflito histórico que ainda gera divisões.

O massacre de Volhynia e suas consequências

Em 1943, o Exército Insurgente Ucraniano (UPA), uma força paramilitar ucraniana, executou uma série de massacres na região da Volínia, no território polonês ocupado pelos nazistas.

Estima-se que cerca de 100.000 civis polacos, além de armênios, judeus, russos, checos e georgianos, tenham sido brutalmente assassinados. A UPA colaborou com as forças nazistas e, após o fim da guerra, a tragédia se tornou um tema delicado entre os dois países.

A Polônia confirmou oficialmente o massacre como genocídio, enquanto a Ucrânia contesta essa definição, considerando o evento como um conflito no qual ambas as partes tiveram responsabilidade.

Para os ucranianos, a UPA, juntamente com a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), transferiram-se contra o regime soviético.

Tensões e avanços nas relações bilaterais

O massacre de Volhynia nunca foi totalmente resolvido, e as dificuldades continuarão a marcar as relações entre Polônia e Ucrânia. A recente decisão de exumar as vítimas foi vista como um avanço significativo.

“Finalmente, um avanço. Foi tomada uma decisão sobre as primeiras exumações das vítimas polacas da UPA”, escreveu Tusk em uma postagem no X, agradecendo pela cooperação entre os ministros da cultura dos dois países.

A questão das exumações, que inclui cerca de 55.000 polacos e 10.000 judeus, tem sido uma reivindicação constante por parte dos polacos.

A decisão de exumar as vítimas foi uma das exigências que, em 2022, levou o vice-primeiro-ministro polonês Władysław Kosiniak-Kamysz a declarar que a Ucrânia não entraria na União Europeia enquanto a questão da Volhynia não fosse resolvida.

A pressão política e o impacto nas relações com a Ucrânia

As discussões sobre o massacre de Volhynia também geram repercussões políticas dentro da Polônia. O candidato presidencial Karol Nawrocki, do partido conservador Lei e Justiça (PiS), afirmou que a Ucrânia não deveria fazer parte da União Europeia ou da OTAN enquanto as questões históricas não fossem resolvidas.

“Um país que não é capaz de responder a um crime brutal contra 120.000 dos seus vizinhos não pode fazer parte de alianças internacionais”, afirmou Nawrocki, que também é diretor do Instituto da Memória Nacional.

Essas declarações revelam a profundidade da ferida histórica e como ela ainda molda as relações externas da Polônia.

No entanto, a notícia das exumações foi recebida com otimismo. Nawrocki, ao comentar a decisão de Tusk, destacou que “se confirmado, é uma ótima notícia”, sinalizando que a resolução do caso pode melhorar o questionamento entre os dois países.

A questão das exumações: um desfecho esperado?

A disputa sobre o massacre de Volhynia se intensificou em 2017, quando a Ucrânia proibiu a busca e exumação das vítimas polacas em seu território.

A decisão ocorreu após a remoção de um monumento da UPA em Hruszowice, na Polônia, o que gerou um impasse.

Desde então, houve esforços para aliviar as tensões, incluindo a cerimônia em julho de 2023, quando os presidentes Andrzej Duda e Volodymyr Zelenskyy marcaram o 80º aniversário do massacre, reconhecendo o trauma compartilhado.

Apesar dessas iniciativas, uma pesquisa recente revelou que a percepção dos ucranianos em relação aos polacos caiu significativamente, com a opinião favorável de 67% para 44,5% no último ano.

As perguntas também foram atribuídas à crise dos cereais e aos bloqueios fronteiriços, mas a questão da Volhynia foi apontada como uma das principais fontes de discórdia.

O impacto nas relações internacionais

Para as autoridades de ambos os países, o anúncio das exumações é visto como um passo importante para aliviar as tensões e restaurar a confiança mútua.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, destacou que qualquer avanço nas relações entre os dois países será um golpe contra Moscovo, enfatizando a importância de uma cooperação mais estreita entre a Polônia e a Ucrânia, especialmente diante da ameaça russa.

Enquanto as exumações continuam a ser um símbolo de uma ferida histórica que, finalmente, pode começar a ser tratada, as relações entre Polônia e Ucrânia ainda enfrentam desafios complexos.

A decisão de Tusk representa não apenas um marco importante para a memória das vítimas de Volhynia, mas também uma tentativa de curar as cicatrizes de um passado doloroso que continua a moldar o futuro político da região.