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EUA impulsionam a integração militar-civil na China, apontam pesquisadores

EUA impulsionam a integração militar-civil na China, apontam pesquisadores

Uma pesquisa conduzida por especialistas chineses sugere que as sanções impostas pelos Estados Unidos durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump aceleraram significativamente a integração entre as tecnologias civis e militares na China.

O estudo, liderado por Tian Qingfeng, da Escola de Administração da Universidade Politécnica do Noroeste (NWPU), estabelece uma conexão direta entre as restrições americanas e o fortalecimento dessa cooperação estratégica no país asiático.

De acordo com o estudo, a capacidade de “transferência tecnológica militar-civil” na província de Shaanxi, no noroeste da China, quase dobrou em apenas um ano, a partir de 2020. Já na província de Guangdong, no sul do país, esse índice chegou perto de seu limite teórico em 2021, o que indica que mais de 90% das novas tecnologias civis podem ser convertidas para uso militar e vice-versa.

Esses números são notáveis, considerando que antes de 2016 a proporção de tecnologias transferidas entre os dois setores não ultrapassava 20%. Essa resistência mútua era motivada por desconfianças históricas: enquanto o setor militar via os fabricantes civis com cautela, estes últimos temiam que o desenvolvimento de tecnologias militares pudesse prejudicar sua competitividade internacional e afastar investidores estrangeiros.

O estudo afirma que as ações da administração Trump acabaram por desmontar essa barreira invisível. Entre as medidas citadas estão as sanções que quase paralisaram a gigante chinesa ZTE ao cortar seu acesso a chips essenciais e a prisão de Meng Wanzhou, filha do fundador da Huawei, no Canadá, por iniciativa dos EUA. Além disso, uma série de empresas chinesas foi incluída em listas de sanções, e milhares de cientistas chineses em universidades americanas passaram a ser investigados.

Os pesquisadores destacam que essas sanções forçaram a China a repensar sua estratégia tecnológica, incentivando a cooperação entre seus setores militar e civil como uma resposta direta às ações americanas. Essa aproximação, antes inimaginável, agora representa um avanço que pode reconfigurar o equilíbrio geopolítico em torno do desenvolvimento de tecnologias emergentes.

Curiosamente, os próprios EUA podem não ter previsto o impacto amplo de suas sanções, que ajudaram a China a alcançar um patamar tecnológico que parecia distante há apenas uma década.