Especialista afirma: “Brasil pode se beneficiar de guerra tarifária entre EUA e China”
A disputa comercial entre China e EUA impacta mercados globais, mas abre oportunidades para o Brasil em commodities, agronegócio e investimentos
As disputas tarifárias entre China e Estados Unidos ganharam novos capítulos nas últimas semanas, com avaliações impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump à China e até ao Brasil. O impacto já é sentido no comércio internacional, principalmente em setores como alumínio e aço.
Apesar dos efeitos negativos, especialistas afirmam que o Brasil pode encontrar oportunidades, principalmente no agronegócio e no mercado de commodities.
Setores impactados e reações
A imposição de tarifas pelos EUA tem como justificativa a proteção da indústria local. Em resposta, a China introduziu medidas retaliatórias, aumentando a incerteza no comércio global.
“O contexto dessas disputas tarifárias é complexo e multifacetado. As sobretaxas impostas pelos Estados Unidos sob a justificativa de proteger sua indústria interna têm gerado reações imediatas da China, que também foram propostas medidas retaliatórias”, afirma Lucas Moreira Gonçalves, sócio do Martinelli Advogados e especialista em Mercado de Capitais.
Os setores mais afetados incluem alumínio, aço, tecnologia e produtos agrícolas. Segundo o advogado, esse cenário cria desafios, mas também abre espaço para novos players.
“Segmentos como o alumínio, aço, tecnologia e produtos agrícolas estão entre os mais afetados. Essa guerra comercial provoca incertezas nos mercados globais, mas, ao mesmo tempo, cria brechas que países como o Brasil podem explorar”, completa.
Oportunidades para o Brasil
O Brasil pode ampliar sua presença em mercados antes dominados por EUA e China. No setor de commodities, a demanda por fornecedores alternativos está em crescimento.
Na avaliação do advogado, essa é uma oportunidade única para o Brasil ampliar a presença em mercados onde anteriormente havia forte domínio dos EUA ou da China. O setor de commodities, por exemplo, pode se beneficiar ao suprir a demanda de países que buscam diversificar suas fontes de importação.
A China já tem ampliado as compras de soja e carne bovina do Brasil. Os EUA, por sua vez, enfrentam tarifas sobre seus produtos agrícolas e buscam novos fornecedores de mineração de ferro e celulose.
“A China já aumentou as importações de soja e carne bovina brasileiras, enquanto os Estados Unidos, fornecendo tarifas sobre produtos agrícolas, também busca fornecedores alternativos de minério de ferro e celulose”, explica Moreira.
Além disso, o mercado de capitais brasileiro pode atrair investidores que buscam economias com uma postura diplomática neutra diante das dificuldades internacionais.
Relações comerciais e diplomáticas
Países europeus, como Alemanha e França, demonstram interesse em diversificar suas cadeias de suprimentos, abrindo novas possibilidades para o Brasil em setores como tecnologia verde e energia renovável.
Lucas Moreira Gonçalves destaca a posição estratégica do Brasil nesse contexto.
“O Brasil, com sua economia aberta e liberal, está em uma posição única para se beneficiar dessas dívidas comerciais, mantendo uma diplomacia neutra e aberta para negociar tanto com empresas americanas quanto chinesas”.
Executivos chineses que participaram recentemente de um evento em São Paulo demonstraram interesse no Brasil, mas também se preocupam com uma preferência possível do mercado financeiro brasileiro pelos EUA.
“O Brasil está comprometido em manter relações comerciais, respeitosas e mutuamente benéficas com ambos os países“, afirma Moreira.
Mercado financeiro e investimentos
Enquanto Donald Trump, influenciado por Scott Bessent – ex-chefe de investimentos da Soros Fund Management e um de seus principais conselheiros econômicos –, aposta em medidas protecionistas, o Brasil segue outro caminho, priorizando a abertura comercial.
Expansão das relações comerciais
Diante desse cenário, especialistas apontam que o Brasil pode explorar diversas oportunidades, como atrair investidores chineses e americanos em busca de estabilidade e retorno.
O interesse também vem de países europeus, que querem diversificar suas cadeias de suprimentos. Além disso, a disputa comercial pode contribuir ativamente para o mercado brasileiro de capitais e expandir a presença de empresas nacionais em bolsas internacionais.
Com dados de Migalhas.