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Especialista afirma: “Brasil pode se beneficiar de guerra tarifária entre EUA e China”

A disputa comercial entre China e EUA impacta mercados globais, mas abre oportunidades para o Brasil em commodities, agronegócio e investimentos

As disputas tarifárias entre China e Estados Unidos ganharam novos capítulos nas últimas semanas, com avaliações impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump à China e até ao Brasil. O impacto já é sentido no comércio internacional, principalmente em setores como alumínio e aço.

Apesar dos efeitos negativos, especialistas afirmam que o Brasil pode encontrar oportunidades, principalmente no agronegócio e no mercado de commodities.

Setores impactados e reações

A imposição de tarifas pelos EUA tem como justificativa a proteção da indústria local. Em resposta, a China introduziu medidas retaliatórias, aumentando a incerteza no comércio global.

O contexto dessas disputas tarifárias é complexo e multifacetado. As sobretaxas impostas pelos Estados Unidos sob a justificativa de proteger sua indústria interna têm gerado reações imediatas da China, que também foram propostas medidas retaliatórias”, afirma Lucas Moreira Gonçalves, sócio do Martinelli Advogados e especialista em Mercado de Capitais.

Os setores mais afetados incluem alumínio, aço, tecnologia e produtos agrícolas. Segundo o advogado, esse cenário cria desafios, mas também abre espaço para novos players.

Segmentos como o alumínio, aço, tecnologia e produtos agrícolas estão entre os mais afetados. Essa guerra comercial provoca incertezas nos mercados globais, mas, ao mesmo tempo, cria brechas que países como o Brasil podem explorar”, completa.

Oportunidades para o Brasil

O Brasil pode ampliar sua presença em mercados antes dominados por EUA e China. No setor de commodities, a demanda por fornecedores alternativos está em crescimento.

Na avaliação do advogado, essa é uma oportunidade única para o Brasil ampliar a presença em mercados onde anteriormente havia forte domínio dos EUA ou da China. O setor de commodities, por exemplo, pode se beneficiar ao suprir a demanda de países que buscam diversificar suas fontes de importação.

A China já tem ampliado as compras de soja e carne bovina do Brasil. Os EUA, por sua vez, enfrentam tarifas sobre seus produtos agrícolas e buscam novos fornecedores de mineração de ferro e celulose.

A China já aumentou as importações de soja e carne bovina brasileiras, enquanto os Estados Unidos, fornecendo tarifas sobre produtos agrícolas, também busca fornecedores alternativos de minério de ferro e celulose”, explica Moreira.

Além disso, o mercado de capitais brasileiro pode atrair investidores que buscam economias com uma postura diplomática neutra diante das dificuldades internacionais.

Relações comerciais e diplomáticas

Países europeus, como Alemanha e França, demonstram interesse em diversificar suas cadeias de suprimentos, abrindo novas possibilidades para o Brasil em setores como tecnologia verde e energia renovável.

Lucas Moreira Gonçalves destaca a posição estratégica do Brasil nesse contexto.

O Brasil, com sua economia aberta e liberal, está em uma posição única para se beneficiar dessas dívidas comerciais, mantendo uma diplomacia neutra e aberta para negociar tanto com empresas americanas quanto chinesas”.

Executivos chineses que participaram recentemente de um evento em São Paulo demonstraram interesse no Brasil, mas também se preocupam com uma preferência possível do mercado financeiro brasileiro pelos EUA.

O Brasil está comprometido em manter relações comerciais, respeitosas e mutuamente benéficas com ambos os países“, afirma Moreira.

Mercado financeiro e investimentos

Enquanto Donald Trump, influenciado por Scott Bessent – ​​ex-chefe de investimentos da Soros Fund Management e um de seus principais conselheiros econômicos –, aposta em medidas protecionistas, o Brasil segue outro caminho, priorizando a abertura comercial.

Expansão das relações comerciais

Diante desse cenário, especialistas apontam que o Brasil pode explorar diversas oportunidades, como atrair investidores chineses e americanos em busca de estabilidade e retorno.

O interesse também vem de países europeus, que querem diversificar suas cadeias de suprimentos. Além disso, a disputa comercial pode contribuir ativamente para o mercado brasileiro de capitais e expandir a presença de empresas nacionais em bolsas internacionais.

Com dados de Migalhas.

Guarda costeira chinesa mira novamente nas Filipinas por conflitos de cardumes no Mar da China Meridional

A Guarda Costeira da China voltou a criticar duramente sua contraparte filipina, acusando-a de enganar a comunidade internacional sobre um confronto ocorrido no Mar do Sul da China na última quarta-feira.

“Apesar das repetidas advertências e tentativas de dissuasão por parte da China, as Filipinas insistiram em enviar quatro navios da guarda costeira, seis embarcações oficiais e vários outros navios não identificados para invadir as águas territoriais da Ilha Huangyan e áreas próximas, como o Recife Xianbin, nos territórios das Ilhas Nansha,” declarou Liu Dejun, porta-voz da Guarda Costeira da China, nesta quinta-feira, utilizando os termos chineses para os locais conhecidos como Scarborough Shoal, Sabina Shoal e Ilhas Spratly.

“Durante esse período, navios filipinos se aproximaram e colidiram deliberadamente várias vezes com os navios da guarda costeira chinesa nas águas da Ilha Huangyan e do Recife Xianbin, causando incidentes de colisão. A responsabilidade é totalmente das Filipinas”, acrescentou Liu.

As Filipinas também reivindicam as características marítimas em disputa, referindo-se a elas como os recifes de Panatag e Escoda.

As acusações feitas pela China vêm após uma declaração na quarta-feira em que acusava quatro embarcações filipinas de tentar “invadir” Scarborough Shoal e de se aproximarem “perigosamente das embarcações de fiscalização e aplicação da lei da guarda costeira chinesa”.

De acordo com as autoridades marítimas chinesas, os navios chineses tomaram “medidas de controle necessárias” contra as embarcações filipinas, e suas operações foram descritas como “profissionais, padronizadas, legítimas e legais”.

Por outro lado, a Guarda Costeira das Filipinas acusou os navios da guarda costeira chinesa e duas embarcações da marinha chinesa de realizarem “ações agressivas” contra seus navios, que, segundo as Filipinas, estavam realizando uma “patrulha marítima rotineira” para apoiar pescadores filipinos na região.

China em ascensão: como outubro marcou a virada na recuperação econômica do gigante asiático

A economia chinesa deu um salto significativo em outubro, mostrando sinais claros de fortalecimento graças a políticas de pró-crescimento que revitalizaram a segunda maior economia do mundo. Esse progresso não passou despercebido.

Desde o aumento nas vendas no varejo até a recuperação do mercado imobiliário, a China parece estar trilhando um caminho de estabilidade e recuperação econômica. Mas o que isso realmente significa para a economia global? E como essas mudanças impactam a vida cotidiana dos cidadãos chineses?

Um outubro promissor: indicadores econômicos em alta

O National Bureau of Statistics (NBS) da China destacou um crescimento expressivo em outubro, apontando o consumo como o motor principal dessa recuperação. As vendas no varejo de bens de consumo, por exemplo, cresceram 4,8% em relação ao ano anterior, superando o aumento de 3,2% registrado em setembro.

Mas o que impulsou esse crescimento? Parte da resposta está no programa nacional de troca, uma iniciativa governamental que oferece subsídios para a substituição de produtos antigos por novos. Imagine trocar aquela geladeira antiga por um modelo mais eficiente e ainda receber um incentivo financeiro para isso. Esse programa, aliado ao feriado prolongado do Dia Nacional e ao festival anual de compras, foi responsável por um aumento significativo nas vendas de aparelhos e equipamentos audiovisuais, que dispararam 39,2%.

Além disso, as vendas desses produtos foram desenvolvidas com 1,2 ponto percentual para o crescimento geral do varejo em outubro, um marco que demonstra a eficácia das políticas governamentais em estimular o consumo.

Investimentos e produção: estabilidade em meio à adversidade

Outro pilar da recuperação foi a produção industrial, que cresceu 5,3% em relação ao ano anterior. O investimento em ativos fixos, como infraestrutura e construção, também manteve um crescimento constante, aumentando 3,4% nos primeiros dez meses do ano.

Embora esses números pareçam abstratos, eles refletem a estabilidade de setores fundamentais da economia. Pense, por exemplo, em uma fábrica que, apesar das incertezas econômicas globais, continua a produzir em ritmo acelerado, gerando empregos e contribuindo para a economia local.

O setor de serviços e comércio exterior: histórias de sucesso

O setor de serviços não ficou para trás, registrando um crescimento de 6,3% em outubro. Restaurantes, hotéis e outros serviços viram um aumento na demanda, impulsionado pela confiança crescente dos consumidores.

No comércio exterior, as exportações e importações também subiram 4,6%, indicando que a China mantém sua relevância como um dos principais players do comércio global. Para um país que enfrentou desafios externos significativos nos últimos anos, como tensões comerciais e indiretas na cadeia de suprimentos, esse crescimento é um sinal de resiliência.

Confiança do mercado: um sinal de otimismo

O mercado financeiro também respondeu positivamente às mudanças. O índice de gerentes de compras (PMI) do setor de produção ultrapassou a marca de 50 pela primeira vez desde maio, queda de expansão. Ao mesmo tempo, o volume de negociações nos mercados de ações de Xangai e Shenzhen subiu impressionantes 150% em outubro.

Essa recuperação foi bloqueada por medidas como o aumento do teto da dívida do governo local e a emissão de títulos de prazo ultralongo. Essas ações não apenas fortaleceram a confiança do mercado, mas também proporcionaram às empresas o fôlego necessário para inovar e crescer.

O Papel do Mercado Imobiliário

O mercado imobiliário, uma área que há tempos enfrenta dificuldades na China, também mostrou sinais de recuperação. Em outubro, as consultas e visitas a imóveis aumentaram consideravelmente, enquanto as vendas de propriedades comerciais melhoraram consideravelmente.

Esse otimismo não é apenas uma boa notícia para os investidores imobiliários, mas também para as famílias que buscam realizar o sonho da própria casa.

Desafios e perspectivas para o futuro

Apesar do progresso, nem tudo é um mar de rosas. A demanda doméstica ainda mostra sinais de fraqueza, e o ambiente internacional continua desafiador. Fu Linghui, porta-voz do NBS, destacou a necessidade de intensificar o controle macroeconômico e garantir que as políticas sejam implementadas.

No entanto, o sentimento é de otimismo. Instituições financeiras internacionais, como UBS e Goldman Sachs, revisaram para cima suas previsões de crescimento para a China em 2024.

Por que isso é importante para você?

Essa recuperação não é apenas um conjunto de números; é um reflexo de como a China está navegando por tempos difíceis e ajustando sua economia para o futuro. Para as pessoas na China, isso significa mais empregos, maior poder de compra e mais oportunidades.

Para o mundo, a recuperação da China pode ajudar a estabilizar cadeias de suprimentos, promover o comércio global e até influenciar preços de bens de consumo.

Na última análise, o sucesso da China em reativar sua economia pode servir de exemplo de como as políticas públicas podem ser usadas para contribuições o crescimento e restaurar a confiança, mesmo em tempos de incerteza.

China apela por cooperação em meio a conflitos comerciais com os EUA

 (Xinhua/Pang Xinglei)Pequim está buscando “resolver conflitos” no comércio com a próxima administração dos Estados Unidos, uma vez que agora enfrenta a possibilidade de mais tarifas serem aplicadas, conforme defendido pelo recém-eleito presidente americano Donald Trump. Segundo He Yongqian, porta-voz do Ministério do Comércio da China (Mofcom), a nação está disposta a “fortalecer a comunicação, expandir a cooperação e resolver conflitos com os Estados Unidos com base em princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para ambas as partes”.

A porta-voz enfatizou que o objetivo é “promover o desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre China e EUA de maneira estável, saudável e sustentável, beneficiando ambos os países e o mundo”. Pequim reforça a importância de uma postura cooperativa, ao passo que tenta manter uma relação vantajosa em um cenário que se mostra cada vez mais desafiador.

Pressão Adicional com o Regresso de Trump

A confirmação da vitória de Trump na terça-feira trouxe consigo a perspectiva de desafios comerciais adicionais para a China, que já lida com tensões crescentes com outros parceiros. Trump, que anteriormente lançou uma guerra comercial contra a China entre 2017 e 2021, impactou a cadeia global de suprimentos e levou empresas a diversificarem suas linhas de produção fora da China.

Encontro com Representantes da União Europeia

Simultaneamente, o Ministério do Comércio confirmou que representantes da União Europeia chegaram a Pequim no último sábado para negociações comerciais intensivas sobre tarifas aplicadas a veículos elétricos chineses importados. As tarifas, implementadas na semana passada pela UE, são uma preocupação central para Pequim, que visa reduzir o impacto sobre suas exportações. Ambos os lados expressaram interesse em dialogar, mas a realização dessas negociações só foi confirmada nesta quinta-feira.

Conclusão e Expectativas

O retorno de Trump ao poder representa um desafio adicional para as relações comerciais entre China e EUA. Pequim busca, entretanto, uma solução diplomática para evitar novos conflitos e fortalecer uma parceria comercial que possa sustentar o crescimento econômico global.

Xi Jinping dá instruções sobre economia para estimular o crescimento da China

Em uma ação decisiva para revitalizar a economia da China, o presidente Xi Jinping emitiu uma série de instruções econômicas ao longo da última semana, reforçando os esforços de Pequim para estimular o crescimento em meio a crescentes incertezas domésticas e internacionais. Esses movimentos acontecem no momento em que todos os olhares estão voltados para o pacote de estímulo do governo, com o objetivo de impulsionar a segunda maior economia do mundo.

No domingo, durante um evento na cidade de Tianjin para celebrar o 40º aniversário das zonas de desenvolvimento econômico do país, Xi ressaltou a importância dessas áreas para o avanço da modernização da China. Ele destacou a necessidade de “estimular continuamente a inovação e a dinâmica interna” e promover o desenvolvimento dentro da Iniciativa do Cinturão e Rota. Xi também incentivou o fortalecimento da marca “Investir na China”.

Essas zonas, que começaram a ser estabelecidas em áreas costeiras como Guangdong, Fujian e Xangai, simbolizam a abertura e as reformas econômicas da China nas últimas décadas, tornando-se motores de crescimento para as economias locais.

A mensagem de Xi vem em um momento crítico, já que a economia chinesa enfrenta uma mistura de desafios internos e incertezas globais. Durante suas visitas recentes às províncias de Fujian e Anhui, Xi buscou entender de perto como as novas políticas estão sendo implementadas e o impacto delas na recuperação econômica. Em Fujian, ele evocou o espírito de “ousar ser o primeiro e lutar para vencer”, enquanto em Anhui, Xi citou um ditado famoso: “Quantas vezes na vida alguém pode aproveitar o momento para lutar?”.

De acordo com Zhang Zhiwei, presidente da Pinpoint Asset Management, as declarações de Xi são consistentes com a mensagem transmitida em uma reunião do Politburo no final de setembro, quando foi decidido um pacote de políticas incrementais para impulsionar a economia. Zhang enfatizou que “a economia está sob pressão, por isso o governo central quer mobilizar as autoridades locais para tomarem iniciativas mais fortes, assumirem mais responsabilidades e se tornarem mais proativas”.

Com as autoridades locais sendo convocadas a agir, o governo chinês busca uma recuperação sólida que possa ajudar o país a atingir suas metas anuais de crescimento, mesmo diante de um cenário econômico desafiador.

Companhias Aéreas Internacionais Reduzem Voos para a China: Impactos da Competição e da Economia

Companhias Aéreas Internacionais Reduzem Voos para a China: Impactos da Competição e da Economia

A partir deste mês, diversas companhias aéreas internacionais estão diminuindo a quantidade de voos para a China. O motivo? Transportadoras chinesas têm obtido uma vantagem significativa ao utilizar o espaço aéreo russo para chegar à Europa, algo proibido para as companhias ocidentais devido à guerra na Ucrânia. Além disso, alguns analistas apontam que o declínio da economia chinesa também reduziu as viagens de negócios, afetando ainda mais a demanda por esses voos.

Suspensão de Rotas e Impactos nas Companhias Aéreas

Diversas empresas renomadas já anunciaram mudanças significativas em suas rotas para a China. A Virgin Atlantic, sediada no Reino Unido, planeja suspender sua rota entre Xangai e Londres Heathrow, encerrando uma operação de 25 anos. A British Airways, por sua vez, interromperá seus voos entre Heathrow e Pequim Daxing, a partir do mesmo dia.

As mudanças não param por aí. A Scandinavian Airlines, da Suécia, vai operar seu último voo entre Copenhague e Xangai em 7 de novembro. A Qantas Airways, da Austrália, já cortou sua rota de Sydney para Xangai, enquanto a alemã Lufthansa está reconsiderando a suspensão de sua rota entre Frankfurt e Pequim.

Nos Estados Unidos, a Delta Air Lines adiou o retorno de seus voos entre Xangai e Los Angeles, agora previsto para junho do próximo ano.

Ajustes Sazonais e Decisões Estratégicas

É comum que as companhias aéreas façam ajustes em suas rotas de acordo com a estação do ano, especialmente em outubro e março. No entanto, essa redução de voos para a China está fortemente relacionada à competição desleal, como destaca Dennis Lau, do Asian Sky Group. Ele explica que as transportadoras dos EUA e da Europa estão redirecionando suas aeronaves para mercados mais lucrativos.

Empresas chinesas conseguem economizar de duas a três horas de voo, além de milhares de dólares, ao sobrevoar a Rússia, uma vantagem que suas concorrentes ocidentais não possuem. Assim, enquanto a economia chinesa desacelera e as viagens de negócios diminuem, essas transportadoras ganham fôlego em um cenário competitivo.

Essas mudanças evidenciam os desafios enfrentados pelas companhias aéreas ocidentais ao competir com transportadoras chinesas, que se beneficiam de rotas mais curtas e custos reduzidos. A combinação da guerra na Ucrânia, que proíbe o uso do espaço aéreo russo, e a desaceleração da economia chinesa impacta diretamente o setor de aviação internacional, resultando em ajustes que afetam tanto empresas quanto passageiros.

Apesar dos desafios, as transportadoras internacionais buscam se adaptar e explorar mercados alternativos, enquanto aguardam por um cenário global mais favorável.

Previsões de crescimento do PIB da China aumentam à medida que bancos estrangeiros respondem a medidas de estímulo

Instituições financeiras internacionais começaram a ajustar para cima suas previsões sobre o crescimento econômico da China em 2024. Esse movimento é impulsionado pela série de estímulos implementados desde o final de setembro, indicando que Pequim poderá atingir sua meta de crescimento de “cerca de 5 por cento” no próximo ano.

Atualizações de Previsões Econômicas sobre o PIB da China

Diversas empresas, incluindo UBS, Moody’s Analytics, Goldman Sachs e Nomura, revisaram suas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2024, com as novas projeções se aproximando de 4,95%. Essas revisões são baseadas em uma série de medidas de estímulo que têm sido vistas como necessárias para compensar o fraco desempenho no varejo e os baixos preços de imóveis, que marcaram boa parte deste ano.

Na última semana, a China anunciou um crescimento econômico de 4,6% no terceiro trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse foi o menor crescimento trimestral desde meados de 2023, o que gerou preocupações, mas também abriu caminho para políticas de estímulo mais agressivas.

Respostas dos Bancos Estrangeiros

Na segunda-feira, o banco de investimentos suíço UBS elevou sua previsão para o crescimento do PIB chinês de 4,6% para 4,8%, destacando o desempenho mais forte do que o esperado no terceiro trimestre e os recentes anúncios de estímulos políticos. O economista da UBS para a China, Wang Tao, afirmou em uma nota de pesquisa que “a leitura de crescimento do PIB no terceiro trimestre e o impulso das políticas justificam essa revisão para cima.”

A Moody’s Analytics, por sua vez, elevou sua previsão de crescimento de 4,8% para 4,95% na segunda-feira, impulsionada pelas medidas de estímulo, mesmo com sinais de fraqueza econômica persistindo. De acordo com o economista da Moody’s, Harry Murphy Cruise, as novas políticas são “bem-vindas” e devem ajudar a China a alcançar sua meta de crescimento de 5% para o próximo ano.

Políticas de Estímulo Chinesas

Desde o final de setembro, as autoridades chinesas vêm implementando diversas políticas para incentivar a economia, focando principalmente em cortes nas taxas de hipotecas e de empréstimos. O Banco Popular da China, por exemplo, reduziu a taxa básica de juros para empréstimos de cinco anos, de 3,85% para 3,6%, enquanto a taxa para empréstimos de um ano caiu de 3,35% para 3,1%.

Esses movimentos visam fortalecer o mercado interno e sustentar o crescimento econômico, além de atingir a meta de crescimento do PIB de 2024.

Expectativas de Outros Bancos

Além da UBS e Moody’s, o Goldman Sachs também revisou sua previsão de crescimento para a China, subindo de 4,7% para 4,9%. O banco japonês Nomura, por sua vez, elevou sua expectativa de 4,6% para 4,7%, reconhecendo a importância das políticas de estímulo recentes.

A combinação dessas revisões aponta para um otimismo cauteloso em relação à recuperação econômica da China. Entretanto, é importante lembrar que o sucesso das políticas de estímulo dependerá de vários fatores, incluindo a estabilidade do mercado imobiliário e a capacidade de Pequim em manter o controle sobre o cenário macroeconômico do país.

China

China quer se defender de medidas tarifárias da UE com mais investimentos

A China pode enfrentar mais barreiras tarifárias impostas pela União Europeia, à medida que o bloco busca reduzir sua dependência das matérias-primas fornecidas pelo gigante asiático. Contudo, para especialistas, a solução pode estar em um aumento estratégico no investimento direto de empresas chinesas em solo europeu.

Zhang Pengfei, pesquisador da Academia de Ciências Sociais de Xangai, apontou que, apesar das tentativas de Bruxelas de se distanciar de Pequim, uma ruptura completa entre as duas economias não deve ocorrer no curto prazo.

Investimentos como estratégia de defesa

Em um artigo publicado no site The Paper, Zhang recomendou que, para lidar com as crescentes barreiras comerciais, a China deve intensificar seus investimentos diretos na União Europeia. Esse movimento, segundo ele, ajudaria a atenuar os impactos das medidas protecionistas, especialmente em setores estratégicos.

Zhang argumenta que, embora a UE tente diminuir sua dependência da China, ela não pode adotar uma postura extrema semelhante à dos Estados Unidos, que sistematicamente excluem tecnologias chinesas. Tal abordagem, segundo ele, prejudicaria as transições digital e energética da Europa, além de aumentar os custos para a economia do bloco.

O dilema europeu

Bruxelas, no entanto, enfrenta um dilema. Manter uma relação econômica aberta com a China pode resultar em ganhos econômicos significativos, mas, ao mesmo tempo, afeta questões como empregos, produtividade e a segurança econômica do bloco europeu. Por essa razão, a UE dificilmente seguirá uma política de “laissez-faire” em relação aos seus laços comerciais com Pequim.

O relatório liderado pelo ex-primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, publicado no mês passado, oferece uma visão aprofundada sobre o futuro da competitividade europeia. O estudo, que contou com a análise de mais de 400 páginas, destacou que a Europa precisa de pelo menos € 800 bilhões em investimentos para se manter competitiva frente às duas grandes potências globais: Estados Unidos e China.

Uma política comercial mais rígida

Zhang também ressalta que a União Europeia deve adotar, de forma mais frequente, políticas de direitos antissubsídios e antidumping. Essas práticas visam proteger as empresas europeias de concorrência desleal, mas, ao mesmo tempo, a UE buscará continuar adquirindo produtos chineses de alta qualidade a preços competitivos, como parte de sua estratégia econômica.

A crescente complexidade nas relações comerciais entre China e União Europeia destaca a importância de uma abordagem equilibrada, que permita ao bloco garantir sua segurança econômica sem perder os benefícios comerciais proporcionados pela parceria com o gigante asiático.

Essa nova dinâmica revela um cenário em que, apesar das tensões, tanto China quanto Europa têm muito a ganhar mantendo uma relação comercial, mesmo que conturbada. A chave para o futuro dessas interações parece residir em uma combinação de investimentos estratégicos e adaptação às novas realidades econômicas globais.

Rússia busca consolidar alianças no BRICS para uma nova ordem financeira global

A cidade de Kazan, no sudoeste da Rússia, será o cenário de um importante encontro internacional na próxima semana, reunindo líderes de mais de duas dúzias de países emergentes para discutir uma nova ordem financeira global. Com sua economia fortemente sancionada pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia, a Rússia busca no BRICS uma alternativa ao sistema financeiro liderado pelos países ocidentais, numa tentativa de reafirmar sua relevância no cenário mundial e demonstrar que ainda possui “muitos amigos” dispostos a cooperar.

Este evento, considerado o maior em termos de política externa russa nos últimos tempos, será marcado pela primeira reunião do BRICS desde sua expansão, que agora inclui Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, além dos membros fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A expectativa sobre os desdobramentos dessa cúpula é grande, principalmente devido à atual complexidade geopolítica e ao papel central da Rússia como presidente do bloco neste ano.

O contexto do encontro em Kazan

À medida que a Rússia se encontra cada vez mais isolada do Ocidente, o BRICS emerge como uma plataforma estratégica para Moscou fortalecer laços com potências emergentes. O foco do encontro em Kazan será o desenvolvimento de uma nova arquitetura financeira global, que possa aliviar as pressões econômicas sobre a Rússia e outros países que sofrem sanções ocidentais. Com o BRICS agora expandido, a reunião promete abrir oportunidades significativas para o comércio e investimentos entre seus membros, que somam grandes mercados e populações expressivas.

Especialistas, como Jiang Tianjiao, diretor associado do Centro de Estudos BRICS da Universidade Fudan, destacam o grande interesse global na cúpula, especialmente considerando o papel central da Rússia nesse momento de tensão geopolítica. “O mundo está observando para ver se o BRICS conseguirá encontrar um consenso e realizar avanços cooperativos”, disse Jiang.

Desafios e oportunidades

Embora o BRICS tenha aumentado sua representatividade com a inclusão de novos membros, os desafios para alcançar acordos concretos na cúpula não devem ser subestimados. Cada país tem interesses próprios e muitas vezes divergentes, o que pode dificultar a formulação de uma estratégia unificada. No entanto, com uma maior diversidade de membros e mercados, o grupo tem potencial para criar novas oportunidades de cooperação, tanto no comércio quanto em investimentos.

O fortalecimento do BRICS também pode representar uma alternativa às instituições financeiras globais dominadas pelo Ocidente, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Países como a China e a Rússia, que buscam reduzir sua dependência do dólar americano, têm se empenhado em promover o uso de moedas nacionais nas transações internacionais dentro do bloco, o que poderia reforçar a autonomia financeira dos membros.

O papel da Rússia na liderança do BRICS

Com a presidência do BRICS em 2024, a Rússia enxerga o encontro em Kazan como uma oportunidade crucial para reafirmar sua influência global e buscar novas formas de driblar as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. O evento será uma vitrine para Moscou demonstrar sua capacidade de liderar discussões internacionais e, ao mesmo tempo, consolidar alianças com economias emergentes que compartilham a visão de um mundo multipolar.

Ao atrair países como Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, a Rússia espera fortalecer sua posição não apenas no campo econômico, mas também no político e de segurança. A cooperação em áreas como energia, tecnologia e infraestrutura estará no centro das discussões, com foco na construção de parcerias estratégicas que possam resistir à pressão ocidental.

Expectativas e o futuro do BRICS

As expectativas em torno do BRICS são altas, especialmente em relação à capacidade do grupo de encontrar soluções conjuntas para os desafios globais atuais. A expansão do bloco trouxe mais diversidade e potencial econômico, mas também aumentou a complexidade das negociações. Apesar disso, a cúpula de Kazan representa uma chance única para os países emergentes fortalecerem sua posição no cenário internacional e moldarem uma nova ordem financeira global, menos dependente das instituições ocidentais.

No final das contas, a reunião em Kazan será uma prova de fogo para a capacidade da Rússia de manter e expandir sua rede de aliados, ao mesmo tempo em que busca alternativas para o cenário financeiro global. O sucesso do BRICS dependerá de sua habilidade de superar divergências e criar uma plataforma sólida de cooperação em um momento em que o mundo está cada vez mais polarizado.

economia da China

A desaceleração da economia da China

A economia da China registrou no terceiro trimestre de 2024 a sua expansão mais lenta desde o início de 2023, destacando os desafios que o país asiático enfrenta para estimular o crescimento. De acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 4,6% em relação ao ano anterior nos três meses até o final de setembro, abaixo dos 5% esperados pelo governo para 2024. Esse resultado representa uma desaceleração em comparação ao trimestre anterior e sinaliza dificuldades persistentes para alcançar a meta anual.

Apesar da desaceleração, o resultado superou ligeiramente as expectativas dos analistas, que previam um crescimento ainda menor. Outras estatísticas oficiais divulgadas nesta sexta-feira, como as vendas no varejo e a produção industrial, também superaram as previsões, mostrando algum otimismo nos setores produtivos.

Desafios para o governo chinês

Esta é a segunda vez consecutiva que o crescimento oficial da China fica abaixo da meta de 5%, um sinal de alerta para o governo. De acordo com Eswar Prasad, ex-chefe da divisão da China no Fundo Monetário Internacional (FMI), a meta de crescimento do governo agora parece estar em “sério risco”. Ele destaca que, para atingir a marca esperada, seria necessário um estímulo substancial no último trimestre do ano.

Por outro lado, Harry Murphy Cruise, economista da Moody’s Analytics, acredita que as medidas de estímulo já adotadas podem ajudar o país a atingir a meta de cerca de 5% até o fim do ano. No entanto, ele alerta que isso não será suficiente para resolver os desafios estruturais mais profundos que a economia chinesa enfrenta, como a desaceleração no mercado imobiliário e as dificuldades nas exportações.

Setor imobiliário em queda

Um dos sinais mais preocupantes da desaceleração econômica é a queda nos preços das casas, que em setembro registraram a maior queda em quase uma década. O setor imobiliário, um dos pilares da economia chinesa, enfrenta uma crise de confiança, com grandes desenvolvedoras lutando contra altos níveis de dívida e compradores de imóveis adiando suas decisões de compra. A fraqueza nesse setor não apenas reduz o crescimento do PIB, mas também afeta os empregos e os rendimentos familiares, amplificando o impacto da desaceleração.

Medidas de estímulo e futuro da economia chinesa

Nos últimos meses, o governo chinês adotou uma série de medidas para tentar reverter a tendência de crescimento lento. Entre elas estão cortes nas taxas de juros, redução de impostos e incentivos para setores estratégicos, além de esforços para impulsionar o consumo interno. No entanto, esses esforços ainda não foram suficientes para gerar um impacto significativo.

Especialistas apontam que, embora as medidas tenham sido um passo na direção certa, será necessária uma abordagem mais ampla e focada em longo prazo. Isso inclui reformas para enfrentar os problemas estruturais, como a alta dependência do setor imobiliário e a necessidade de aumentar a inovação e o consumo interno como motores de crescimento.

O ritmo lento de crescimento no terceiro trimestre coloca a China em uma posição delicada, com a meta de 5% de expansão anual cada vez mais difícil de ser atingida. Embora as medidas de estímulo possam oferecer algum alívio, a crise no setor imobiliário e os desafios estruturais exigem atenção redobrada do governo. O futuro da segunda maior economia do mundo dependerá de sua capacidade de se adaptar a essas mudanças e enfrentar de forma eficaz os obstáculos que vêm pela frente.