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De carros a alimentos: medo de novas tarifas de Trump faz americanos estocarem bens

De carros a alimentos: medo de novas tarifas de Trump faz americanos estocarem bens

Consumo antecipado nos EUA: medo de aumentos de preços com as propostas de tarifas de Trump

Com a ameaça das novas tarifas propostas pelo presidente eleito Donald Trump, que podem chegar a 60% sobre importações da China e até 20% para outros países, consumidores e pequenas empresas nos Estados Unidos têm adotado uma estratégia preventiva: estocar produtos para evitar possíveis aumentos de preços. Num cenário econômico incerto, onde as tarifas ainda não têm cronograma definido, a medida reflete uma preocupação crescente com a inflação e os impactos diretos no orçamento familiar e nos negócios.

Entre os itens mais procurados estão carros, produtos de higiene pessoal, alimentos congelados e materiais para empresas. A contadora Kristen Hull, de 38 anos, por exemplo, decidiu antecipar a compra de um carro, temendo que os preços subam em seis meses. Ela também está pensando em adquirir um novo laptop e roupas de inverno. “Estou preocupado com os custos. Achei melhor agir agora antes de ficar fora do meu orçamento”, disse.

A expectativa é que, caso as tarifas sejam inovadoras, empresas como AutoZone e Columbia Sportswear, já tenham sinalizado que repassarão os custos adicionais para os consumidores. “Essas tarifas podem ter um grande impacto, tanto no setor de varejo quanto na produção”, afirmou um analista da área. A mudança nas políticas comerciais dos EUA pode variar desde itens de consumo até produtos essenciais para o cotidiano.

Marissa Garcia, também de 38 anos, está entre aquelas que estão preparadas para um aumento nos preços. Ela começou a estocar alimentos como frutas e vegetais congelados, alho e café, além de produtos de higiene pessoal como máscaras e álcool em gel. Mesmo com as dificuldades financeiras, Garcia vê isso como uma forma de atenuar os impactos das tarifas. “É um sacrifício, mas prefiro garantir que terei o que preciso no futuro, do que arriscar pagar mais depois”, comentou.

O impacto nas pequenas empresas

Além dos consumidores, as pequenas empresas também estão tomando medidas preventivas. Beatrice Barba, dona de uma loja especializada em copos ecológicos, está considerando investir até US$ 200 mil para estocar materiais importados da China e evitar aumentos no custo de produção. Lisa Evans, proprietária de um salão de beleza na Flórida, também está revisando suas fontes de recursos, especialmente produtos como extensões capilares e tinturas de cabelo, que muitas vezes vêm de outros países.

O impacto das tarifas vai além dos produtos de consumo e pode afetar diretamente a rentabilidade dos pequenos negócios. Jonathan Gold, vice-presidente da Federação Nacional de Varejo, alerta que o alcance dessas tarifas será grande. “As empresas não conseguem absorver esses custos sozinhos, então, naturalmente, terão que repassá-los aos consumidores”, afirmou.

Para empresários como Javon Ford, químico há 30 anos, o aumento de preços também está afetando a cadeia de suprimentos de materiais primários. Ford, que trabalha na indústria cosmética, planeja estocar pigmentos de cor, mas admite que é difícil prever todas as necessidades futuras. “As tarifas podem afetar a oferta de materiais-primas, então estou tentando me antecipar o máximo possível”, explicou.

Cautela e planejamento para o futuro

Diante de tantas incertezas, muitos consumidores e empresários estão adotando uma postura de cautela. Hull, que recentemente comprou um carro, agora foca em reforçar sua poupança, preparando-se para o pior cenário possível. “É basicamente esperar para ver o que acontece e tentar estar preparado para o que vier”, concluiu.

As propostas de Trump, se romperem, resultarão em um custo adicional de pode até US$ 1.500 por ano para cada família americana, além de um aumento de 0,4 pontos percentuais na inflação até 2025. Para muitos, o cenário é de incerteza, mas também de estratégias para mitigar o impacto das tarifas cada vez mais prováveis.