Skip to main content

China quer se defender de medidas tarifárias da UE com mais investimentos

China quer se defender de medidas tarifárias da UE com mais investimentos

A China pode enfrentar mais barreiras tarifárias impostas pela União Europeia, à medida que o bloco busca reduzir sua dependência das matérias-primas fornecidas pelo gigante asiático. Contudo, para especialistas, a solução pode estar em um aumento estratégico no investimento direto de empresas chinesas em solo europeu.

Zhang Pengfei, pesquisador da Academia de Ciências Sociais de Xangai, apontou que, apesar das tentativas de Bruxelas de se distanciar de Pequim, uma ruptura completa entre as duas economias não deve ocorrer no curto prazo.

Investimentos como estratégia de defesa

Em um artigo publicado no site The Paper, Zhang recomendou que, para lidar com as crescentes barreiras comerciais, a China deve intensificar seus investimentos diretos na União Europeia. Esse movimento, segundo ele, ajudaria a atenuar os impactos das medidas protecionistas, especialmente em setores estratégicos.

Zhang argumenta que, embora a UE tente diminuir sua dependência da China, ela não pode adotar uma postura extrema semelhante à dos Estados Unidos, que sistematicamente excluem tecnologias chinesas. Tal abordagem, segundo ele, prejudicaria as transições digital e energética da Europa, além de aumentar os custos para a economia do bloco.

O dilema europeu

Bruxelas, no entanto, enfrenta um dilema. Manter uma relação econômica aberta com a China pode resultar em ganhos econômicos significativos, mas, ao mesmo tempo, afeta questões como empregos, produtividade e a segurança econômica do bloco europeu. Por essa razão, a UE dificilmente seguirá uma política de “laissez-faire” em relação aos seus laços comerciais com Pequim.

O relatório liderado pelo ex-primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, publicado no mês passado, oferece uma visão aprofundada sobre o futuro da competitividade europeia. O estudo, que contou com a análise de mais de 400 páginas, destacou que a Europa precisa de pelo menos € 800 bilhões em investimentos para se manter competitiva frente às duas grandes potências globais: Estados Unidos e China.

Uma política comercial mais rígida

Zhang também ressalta que a União Europeia deve adotar, de forma mais frequente, políticas de direitos antissubsídios e antidumping. Essas práticas visam proteger as empresas europeias de concorrência desleal, mas, ao mesmo tempo, a UE buscará continuar adquirindo produtos chineses de alta qualidade a preços competitivos, como parte de sua estratégia econômica.

A crescente complexidade nas relações comerciais entre China e União Europeia destaca a importância de uma abordagem equilibrada, que permita ao bloco garantir sua segurança econômica sem perder os benefícios comerciais proporcionados pela parceria com o gigante asiático.

Essa nova dinâmica revela um cenário em que, apesar das tensões, tanto China quanto Europa têm muito a ganhar mantendo uma relação comercial, mesmo que conturbada. A chave para o futuro dessas interações parece residir em uma combinação de investimentos estratégicos e adaptação às novas realidades econômicas globais.