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Juventude da China abandona o casamento: Preocupado, gigante asiático tenta mudar isso

Juventude da China abandona o casamento: Preocupado, gigante asiático tenta mudar isso

China enfrenta queda nos casamentos e natalidade, com jovens priorizando carreira e estudos. Desafios culturais e econômicos se intensificam

A China enfrenta um problema mais profundo do que o declínio da taxa de natalidade: a crescente relutância dos jovens em se casar.

No terceiro trimestre de 2024, o número de casamentos caiu mais de 25% em comparação ao mesmo período do ano anterior, reforçando uma tendência preocupante em um país que há décadas associa casamento e procriação à estabilidade econômica e social.

Owen Cao, estudante de engenharia oceânica, ilustra bem o dilema dessa geração. Em entrevista ao South China Morning Post, Cao afirmou que elimina tudo o que mais consome sua energia e, para ele, “namoro” é a primeira coisa a ser descartada.

Sua rotina extenuante, preenchida por estudos, atividades extracurriculares e hobbies, reflete a realidade de muitos jovens chineses que enfrentam uma rotina tão intensa que não sobra tempo ou disposição para relacionamentos.

Uma juventude com novas prioridades

Testemunhos como o de Cao encontram respaldo nos números. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos jovens entre 18 e 25 anos, especialmente mulheres em áreas urbanas, demonstram pouco ou nenhum interesse em casamento ou maternidade.

Um levantamento de 2021 revelou que 70% dos universitários estavam solteiros, e dados mais recentes sugerem que esse índice está aumentando.

Os motivos são variados: o alto custo de vida nas grandes cidades, incertezas econômicas, pressão acadêmica e profissional e os impactos duradouros da pandemia de COVID-19.

Além disso, mudanças culturais têm tornado o casamento menos atraente, com uma redução significativa da pressão social para casar e uma crescente aceitação de estilos de vida alternativos, como criar filhos fora do casamento ou simplesmente não tê-los.

Outro ponto relevante é a crescente independência das mulheres. Com maior acesso à educação e ao mercado de trabalho, muitas mulheres optam por focar em carreiras e em seus objetivos pessoais, adiando ou até mesmo descartando a ideia de casamento.

Esforços governamentais com pouco impacto

Consciente do problema, o governo chinês tem implementado iniciativas para tentar reverter a crise. Programas que oferecem incentivos financeiros, como subsídios para jovens casais, e até cursos que promovem o casamento e o amor têm sido amplamente divulgados.

Apesar disso, os resultados são desanimadores. Entre janeiro e setembro de 2024, apenas 4,75 milhões de casais se casaram na China, representando uma queda de 16,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Paralelamente, as taxas de natalidade continuam em queda, agravando ainda mais a situação.

Para Yuan Xin, professor de demografia, o problema não será resolvido apenas com incentivos financeiros. Segundo ele, há uma mudança cultural em curso, onde as gerações mais jovens questionam tradições antigas, como o casamento, priorizando objetivos individuais e liberdade de escolha.

Impactos econômicos e sociais

A redução drástica no número de casamentos e nascimentos não representa apenas uma questão demográfica, mas também um desafio econômico.

Com uma população envelhecendo rapidamente, a força de trabalho do país diminui, ameaçando a sustentabilidade de setores fundamentais da economia chinesa.

Embora o governo intensifique suas ações, a grande questão permanece: até que ponto será possível reverter essa tendência?

Se a mentalidade dos jovens não mudar, a China pode enfrentar um futuro marcado por famílias menores e uma sociedade onde a busca por ambições individuais supera as demandas tradicionais de formar famílias.