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Roteadores em guerra: Com medo de espionagem, EUA pretende banir gigante chinesa do mercado. Brasil pode ser impactado?

Roteadores em guerra: Com medo de espionagem, EUA pretende banir gigante chinesa do mercado. Brasil pode ser impactado?

A nova Guerra Fria entre EUA e China pode impactar até o seu roteador doméstico. Entenda os riscos e o que está em jogo

Aparentemente inofensivos, os roteadores Wi-Fi que usam em casa ou no trabalho se tornaram o alvo mais recente na disputa tecnológica entre Estados Unidos e China. A crescente preocupação do governo americano com a segurança cibernética levou à possibilidade de banir a venda de dispositivos da TP-Link, líder global no mercado de roteadores.

A TP-Link e sua presença global

A TP-Link, empresa chinesa, domina o mercado com 65% dos roteadores nos EUA, sendo amplamente utilizado em residências, empresas e até em órgãos governamentais. No Brasil, a marca também ocupa posição de destaque, sendo o terceiro maior mercado da companhia, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Os problemas obtidos ganharam mais atenção quando investigações conduzidas pelos Departamentos de Comércio, Defesa e Justiça dos EUA revelaram vulnerabilidades nos dispositivos da TP-Link. Relatórios da Microsoft indicaram que hackers chineses exploram essas falhas para lançar ataques cibernéticos, atingindo desde think tanks até fornecedores ligados ao Departamento de Defesa americano.

Espionagem cibernética: a ameaça em evidência

Uma operação batizada de “Salt Typhoon” destacou a capacidade de hackers chineses em interceptar dados sensíveis. Todos incluem gigantes como AT&T e Verizon, além de informações relacionadas a líderes políticos, como o então presidente eleito Donald Trump.

A suspeita é que os roteadores da TP-Link podem ser usados ​​como portas de entrada para ações de espionagem e coleta de dados estratégicos. O governo nega o envolvimento chinês, mas a pressão nos EUA aumenta.

O histórico de proibições

A tensão entre as potências não é novidade. Durante o primeiro mandato de Donald Trump, a Huawei foi banida do mercado americano, e esforços foram feitos para impedir sua participação em projetos de 5G em países aliados, como o Brasil. Agora, com a volta de Trump à presidência, uma “onda anti-China” deve ganhar novo fôlego.

Além disso, empresas como a China Telecom já enfrentaram avaliações. Em 2021, a companhia perdeu suas licenças nos EUA sob alegação de vulnerabilidade ao controle do governo chinês.

Outras frentes da disputa

A guerra tecnológica vai além dos roteadores. O TikTok, aplicativo controlado pela ByteDance, enfrenta restrições para operar nos EUA. O governo pressionou para que a divisão americana seja vendida, temendo que dados de 170 milhões de usuários sejam acessados ​​por Pequim.

Outro exemplo são os guindastes portuários fabricados pela ZPMC, que dominam 80% do mercado americano. Em maio, o governo Biden anunciou tarifas de 25% sobre esses equipamentos e investimentos bilionários para fabricação local. Uma justificativa? Possíveis tentativas de espionagem por meio de sensores e modems instalados nas estruturas.

A preocupação com a influência chinesa também alcança a indústria automotiva. Propostas para banir software e hardware chineses em veículos conectados à internet já estão em discussão. A ideia é implementar restrições em 2027 e 2029, respectivamente, para proteger dados dos motoristas americanos.

Uma nova era de vigilância

Com a linha entre segurança nacional e pessoal cada vez mais tênue, dispositivos conectados à internet se transformam em ferramentas estratégicas. A dependência de tecnologia importada, especialmente de países considerados adversários, coloca governos e cidadãos sob vigilância constante.

A guerra tecnológica entre EUA e China não dá sinais de trégua, e cada novo produto no mercado é mais um potencial campo de batalha.