Segunda Guerra Fria: como china e EUA alimentam conflitos que favorecem a Rússia
Segunda Guerra Fria: como china e EUA alimentam conflitos que favorecem a Rússia
Funeral de Jimmy Carter destaca seu legado diplomático e lições geopolíticas em meio à crescente tensão entre EUA e China
Na próxima quinta-feira, os Estados Unidos se despedirão de Jimmy Carter, ex-presidente reconhecido por muitos como o melhor que o país já teve. Seu funeral de Estado contará com a presença de Donald Trump, que confirmou participação.
Em meio às homenagens, surge uma reflexão abrangente: o que Carter, com sua gestão marcada pelo pragmatismo, pode ensinar em tempos de crescente rivalidade geopolítica?
Carter e o cenário geopolítico dos anos 1970
Carter assumiu a presidência em um período turbulento, sucedendo Gerald Ford e o legado controverso de Richard Nixon.
Foi durante o seu mandato que os EUA consolidaram uma abordagem estratégica com a China, um movimento iniciado por Nixon e inspirado pelo então conselheiro de segurança nacional Henry Kissinger.
Em 1979, Carter distribuiu diversas relações diplomáticas com Pequim, regulando o princípio de “uma China”.
Esse gesto marcou um pacto tácito: os EUA abriram a mão do reconhecimento formal da independência de Taiwan, enquanto a China prometeu não invadir a ilha.
A decisão foi fundamental para encerrar décadas de isolamento diplomático chinês e sinalizar a ascensão do país como uma potência global emergente.
Na visão de Carter, a China pós-maoísta tinha potencial para recuperar sua grandeza histórica. Menos de meio século depois, essa previsão se concretizou — mas o relacionamento entre as duas potências tomou um rumo diferente.
A “Segunda Guerra Fria” e o novo contexto
Hoje, EUA e China enfrentam-se em uma nova “Guerra Fria”. A parceria estratégica dos anos 1970 deu lugar à desconfiança e ao confronto direto, alimentada pela ascensão de Xi Jinping em 2012 e pela projeção militar chinesa na Ásia.
O Ocidente, agora liderado pelos EUA, vê a China como o principal membro do “Quarteto do Caos” — um grupo informal que inclui Rússia, Irã e Coreia do Norte.
Esse cenário foi agravado pela guerra da Rússia na Ucrânia. A invasão levou a uma reconfiguração das alianças globais, com a China estreitando laços com Moscou, mas sem abraçar totalmente os interesses do Kremlin.
Pequim, ao contrário da antiga URSS, não busca destruir a ordem internacional, mas reformá-la de acordo com seus interesses.
Diferenças no “quarteto do caos”
Apesar das aparências, o alinhamento entre os membros do chamado “Crink” (China, Rússia, Irã e Coreia do Norte) é frágil.
A aventura militar russa na Ucrânia colocou Pequim em uma posição delicada, pois prejudica suas relações comerciais com a União Europeia. Embora seja retórico de apoio, a China tem evitado fornecer armamentos diretamente para a Rússia.
Por outro lado, a parceria militar entre a Coreia do Norte e a Rússia enfraqueceu a influência de Pequim sobre Pyongyang.
Isso preocupa aliados regionais como Japão e Coreia do Sul, que clamam por maior proteção americana, possivelmente na forma de uma “Otan do Pacífico”.
Já no Oriente Médio, o Irã segue uma política desestabilizadora que não conta com o apoio chinês, uma vez que Pequim precisa manter boas relações com os países exportadores de petróleo.
Pontos de convergência entre EUA e China
Apesar do clima de rivalidade, há áreas onde EUA e China podem colaborar. A estabilidade no Oriente Médio e na África é de interesse comum, assim como a criação de normas para a competição em inteligência artificial, armamentos e exploração espacial.
Esses temas oferecem uma oportunidade para evitar a escalada da “Segunda Guerra Fria”.
A mensagem de Xi Jinping
No último discurso de Ano-Novo, Xi Jinping declarou: “O povo nos dois lados do Estreito de Taiwan forma uma família”. Embora as palavras possam parecer ameaçadoras, muitos analistas sugerem que se trata mais de uma mensagem aspiracional do que uma promessa de ação militar imediata.
O Comunicado de Xangai, assinado em 1972, continua sendo a base desse discurso, reforçando a política de uma China unificada.
A escolha de Trump
Quando Jimmy Carter for sepultado, Donald Trump terá uma oportunidade de reflexão sobre seu papel na história.
Em meio à crescente tensão entre EUA e China, decisões pragmáticas podem fazer a diferença. A “Segunda Guerra Fria” pode servir aos interesses de Putin, mas não necessariamente aos de Washington ou Pequim.
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