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A nova guerra comercial de Trump: o colapso das commodities americanas: Brasil pode se beneficiar?

A nova guerra comercial de Trump: o colapso das commodities americanas: Brasil pode se beneficiar?

A nova guerra comercial de Trump ameaça agravar ainda mais a situação das commodities americanas, com quedas nas exportações de soja, milho e trigo

A primeira guerra comercial de Donald Trump com a China custou caro aos produtores de soja americanos, com perdas estimadas em US$ 11 bilhões. No entanto, o impacto da continuação desse debate promete ser ainda mais severo.

Durante o início de seu mandato, os EUA viram suas exportações de soja para a China despencarem 79%, um golpe devastador para a indústria. Naquela época, a China ainda dependia das importações americanas. Hoje, com um mercado mais diversificado e um abastecimento crescente de fornecedores como o Brasil, o gigante asiático já não depende tanto dos EUA.

Mudança nas dinâmicas do mercado global

A China, que antes tinha dificuldades para encontrar alternativas aos produtos agrícolas dos EUA, agora possui estoques de soja e outros grãos, frutos de suas fontes de abastecimento. Países como o Brasil, Argentina e Austrália emergiram como fornecedores alternativos para soja, milho, trigo, sorgo e algodão.

A estratégia da China para diversificar suas compras prejudica drasticamente sua dependência dos Estados Unidos, o que complica a posição dos produtores americanos, especialmente diante de uma desaceleração econômica interna.

“Primeiro, a China não estava qualificada. Desta vez, eles estão preparados – têm estoques recordes de soja internamente”, comentou Steve Nicholson, estrategista do Rabobank. A mudança nas dinâmicas do mercado implica um cenário em que a demanda chinesa por grãos dos EUA pode nunca mais retornar aos níveis anteriores.

Impactos nas commodities e na recuperação do mercado

As orientações indicam que os agricultores americanos enfrentarão novos desafios. A competição com produtores de países como o Brasil, que já ampliou sua área de cultivo de soja, coloca os EUA em uma posição vulnerável.

A China, agora mais independente, tende a reduzir no mínimo, o que pode agravar ainda mais a situação de um setor já pressionado por preços em queda. Em 2023, o Brasil se tornou o maior exportador de soja do mundo, uma conquista que reflete uma mudança nas dinâmicas globais do mercado agrícola.

Os analistas do Citigroup Global Markets afirmam que a China terá um “menor apetite” para importar soja e outros grãos dos EUA. E isso pode ser apenas o começo.

As tarifas aplicadas por Trump, se restabelecidas, podem causar perdas significativas aos agricultores americanos, já que os custos de produção e os preços de venda dos grãos diminuíram desde o início de 2024.

A diversificação das compras da China

Além da soja, outras commodities americanas, como milho e trigo, enfrentam uma concorrência crescente. A China, que já importa milho e trigo da Argentina, agora também depende da produção sul-americana. Este movimento pode significar uma diminuição ainda maior da participação dos EUA no mercado global de grãos.

A busca da China por alternativas também afetou o sorgo, um produto fundamental para os Estados Unidos, que tradicionalmente forneciam cerca de 70% das exportações de sorgo para o país asiático. No entanto, a China começou a importar só do Brasil, aumentando ainda mais a pressão sobre os produtores americanos.

O desafio das exportações de carne suína e algodão

A guerra comercial de Trump também afetou o mercado de carne suína, com os Estados Unidos perdendo parte de seu mercado para o Brasil e a União Europeia.

A redução do consumo de carne suína na China, maior consumidor mundial, também contribui para o desaquecimento das exportações americanas. A transição para outras proteínas, como carne bovina e aves, vem afetando qualidades a demanda por carne suína.

No setor de algodão, a China tem se afastado das compras dos EUA, principalmente devido à forte produção interna e ao aumento dos estoques. A desaceleração econômica chinesa, somada à maior oferta de algodão de outros países como Brasil e Austrália, está alterando as dinâmicas comerciais.

Embora o algodão americano continue sendo visto como padrão de qualidade, o mercado tem sido encaminhado cada vez mais para alternativas mais baratas.

O caminho à frente para os produtores americanos

Os produtores americanos de grãos e outras commodities enfrentam um futuro incerto. Mesmo com o aumento da produção interna, como a maior safra de soja da história, as taxas cobradas e os preços em queda tornam difícil prever uma recuperação rápida.

No entanto, a determinação de agricultores e empresas como a Corteva Inc., que planeia expandir as suas operações no Brasil, mostra que, apesar dos desafios, há uma tentativa de adaptação.

Com a continuação das tarifas e das disputas comerciais, a balança comercial agrícola dos EUA pode continuar a se deteriorar, deixando os produtores americanos com menos mercados de exportações e menores lucros.

O cenário que se deseja é de uma competição acirrada no mercado global, onde os agricultores precisarão se adaptar rapidamente às novas dinâmicas ou enfrentar um futuro ainda mais difícil.