Consumo de café na China na última década atinge números astronômicos; quais os impactos globais?
Consumo de café na China na última década atinge números astronômicos; quais os impactos globais?
China cresce no mercado de café, com consumo em alto e impacto global; Brasil aproveita novas oportunidades de exportação
O consumo de café na China está em alta. Na última década, houve um crescimento impressionante de 150%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).
A estimativa é que o país alcance 6,3 milhões de sacas consumidas na safra 2024/25, posicionando-se como o sexto maior mercado consumidor global da bebida.
Consumo global e posição chinesa
Atualmente, a União Europeia lidera o ranking mundial de consumo de café, com 42 milhões de sacas, seguida pelos Estados Unidos (27,3 milhões) e Brasil (22,6 milhões).
Apesar de a China ser tradicionalmente associada ao chá, o café vem ganhando espaço, principalmente entre os consumidores jovens, que estão cada vez mais específicos em explorar novos sabores e tendências globais.
O início da produção na China
A história do café na China remonta ao final do século XIX, quando os franceses introduziram uma bebida na província de Yunnam. No entanto, a produção ficou praticamente estagnada até 1988, quando o governo chinês lançou um programa para incentivos à cultura do café.
Desde então, variedades mais produtivas foram introduzidas e práticas sustentáveis, como o uso de fertilizantes orgânicos, obtidos a ganhar destaque.
Atualmente, a região de Yunnam se destaca por sua produção de café arábica, muitas vezes cultivada de forma orgânica. Essa abordagem sustentável facilita as exportações para mercados exigentes, como Japão e Alemanha.
Produção e comparação global
Apesar do avanço, a produção chinesa ainda é relativamente modesta, com cerca de 2 milhões de sacas por ano, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Isso coloca o país no 13º lugar entre os maiores produtores do mundo. Para efeito de comparação, o Brasil liderou com 66 milhões de sacas, seguido pelo Vietnã com 30 milhões.
Mudança no padrão de consumo
A preferência dos consumidores chineses também está mudando. O café solúvel, que antes dominava o mercado, está sendo substituído por grãos de maior qualidade.
Essa evolução impulsiona as importações e abre oportunidades para países exportadores. O Brasil, por exemplo, aumentou significativamente suas exportações de café para a China nos últimos anos.
Em 2023, foram exportadas 1,3 milhão de sacas, um salto expressivo em relação às 61 mil marcas registradas em 2017, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Ao todo, as importações chinesas somaram 3,95 milhões de sacas de café verde e o equivalente a 1,8 milhão de sacas de café solúvel, segundo o IndexMundi.
A expansão do mercado é liderada principalmente por consumidores jovens e aprimorada pelas gigantes do comércio digital, que popularizam a bebida em todo o país.
Crescimento das vendas e investimento local
Embora o mercado tenha sido dominado inicialmente por marcas estrangeiras, como a Starbucks, que chegou à China em 1999, as empresas locais agora lideram.
O aumento do poder aquisitivo e do interesse por uma bebida globalmente difundido tem impulsionado o consumo de café em cidades médias, além das grandes metrópoles como Xangai e Pequim.
Os investidores chineses enxergam o mercado de café, avaliado globalmente em US$ 393 bilhões, como uma oportunidade promissora. A regulamentação de lanchonetes e pontos de venda reflete essa aposta no potencial da bebida.
Cenário global e impactos no Brasil
Enquanto a produção mundial de café deve atingir 177 milhões de sacas nesta safra, o consumo também avança, embora continue abaixo da produção pelo segundo ano consecutivo.
No Brasil, o principal exportador global, o impacto desse cenário é sentido nos preços. O café arábica chegou a R$ 2.230 por saca no final de 2024, um aumento de 121% em relação ao ano anterior, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Já o robusta atingiu R$ 1.849 por saca, com alta de 144% no mesmo período.
Outras notícias relevantes
A área de plantio de algodão no Brasil também apresenta crescimento. Segundo a StoneX, a safra 2024/25 deve atingir 2,12 milhões de hectares, com destaque para a Bahia e Mato Grosso, os maiores produtores.
A exportação de milho e soja também registrou números significativos, com um aumento na participação dos portos do Arco Norte, de acordo com a Conab.
Além disso, questões geopolíticas e ameaças comerciais envolvendo os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, colocam 2025 em um cenário de incertezas no comércio global.
Com a China consolidando seu lugar entre os maiores consumidores de café do mundo e mercados como o Brasil e o Vietnã buscando atender à demanda crescente, o panorama global da bebida reflete tantas oportunidades quanto aos desafios para os próximos anos.
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