Skip to main content

Escândalo na fábrica da BYD: Brasil suspende vistos após resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão

Escândalo na fábrica da BYD: Brasil suspende vistos após resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão

Brasil suspende vistos de trabalhadores chineses da BYD após resgate de 163 operários em condições análogas à escravidão na Bahia

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou a suspensão temporária da emissão de vistos para funcionários chineses destinados à construção da fábrica da montadora BYD, em Camaçari, Bahia.

A decisão, divulgada nesta segunda-feira (23), ocorre após a operação do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatar 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Vistos suspensos como medida preventiva

A suspensão abrange o visto de trabalho Vitem V, emitido em parceria entre o Itamaraty e o Ministério da Justiça.

A determinação proíbe representações diplomáticas brasileiras na China de conceder documentos até que a montadora apresente esclarecimentos à Justiça. Segundo fontes oficiais, a medida é preventiva e visa garantir a regularização das condições de trabalho no empreendimento.

Condições degradantes e retenção salarial

A força-tarefa, que reuniu o MPT, a Polícia Federal e outras instituições, acordos diversas irregularidades no canto de obras.

Entre os problemas apontados incluíam alojamentos precários, onde os trabalhadores dormiam em camas sem colchões e enfrentavam a falta de itens básicos, como armários e banheiros suficientes.

No refeitório, a ausência de higiene mínima foi destacada. Além disso, os trabalhadores sofriam retenção salarial, recebendo apenas 40% de seus vencimentos em moeda chinesa, enquanto o restante era retido como caução.

Documentos e passaportes foram confiscados, dificultando qualquer tentativa de devolução ao país de origem.

Rotina de trabalho exaustivo

As jornadas ultrapassavam 10 horas diárias, muitas vezes realizadas sob exposição direta ao sol e sem proteção adequada.

Os acidentes eram frequentes devido às condições adversas e ao ritmo intenso das atividades. Descansos improvisados ​​sobre materiais de construção se tornaram uma rotina para os operários.

Reação das empresas envolvidas

A Jinjang Construction Brazil Ltda, empresa terceirizada contratada para a obra, negou as acusações e afirmou haver inconsistências nos relatórios. Em resposta, a BYD anunciou o rompimento do contrato com a construtora e a realocação dos 163 trabalhadores resgatados para hotéis da região.

Impacto no projeto da BYD

Este incidente representa um desafio para a implantação da primeira unidade de veículos elétricos da BYD na América Latina, instalada no antigo complexo da Ford em Camaçari.

Anunciado como um dos maiores investimentos asiáticos no setor automotivo brasileiro, o projeto enfrenta agora maior escrutínio das autoridades.

A suspensão dos vistos segue válida até que a montadora apresente um plano de adequação às normas trabalhistas. O Ministério do Trabalho continua monitorando o caso e pode adotar novas medidas para garantir o cumprimento da legislação.