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China impõe bloqueio a minerais essenciais e intensifica conflito comercial com os EUA

China impõe bloqueio a minerais essenciais e intensifica conflito comercial com os EUA

China restringe exportações de minerais estratégicos aos EUA, aumentando o esforço comercial; impacto atinge semicondutores, defesa e baterias

A China anunciou nesta terça-feira (3) a proibição da exportação de minerais essenciais, como gálio, germânio e antimônio, para os Estados Unidos. Esses materiais possuem amplas aplicações militares, incluindo semicondutores, tecnologias de defesa e baterias, e são cruciais para setores estratégicos. A medida ocorre um dia após Washington impor novas restrições ao setor de semicondutores chineses, ampliando a disputa entre as duas maiores economias globais.

O Ministério do Comércio da China justificou a decisão com base em preocupações de segurança nacional. A cláusula, que entra em vigor imediatamente, inclui uma análise rigorosa sobre o uso final de itens de grafite enviados aos EUA. “Em princípio, as exportações para os Estados Unidos não serão permitidas”, declarou o ministério, reforçando as restrições que foram concedidas a serem renovadas no ano passado.

Impactos no mercado global e questões estratégicas

Os Estados Unidos agora enfrentam desafios adicionais em suas cadeias de suprimentos. O gálio e o germânio, utilizados em semicondutores e tecnologias avançadas, e o antimônio, essencial para munições e equipamentos fotovoltaicos, são amplamente dominados pela produção chinesa. Em 2023, a China foi responsável por 98,8% do gálio orgânico global e 59,2% do germânio orgânico, segundo a consultoria Project Blue.

O antimônio, usado em armamentos e baterias, também registra aquelas nas exportações. Dados mostram que os embarques chineses desse metal caíram 97% em outubro em comparação ao mês anterior. O impacto já é visível nos preços, com o trióxido de antimônio subindo 228% no mercado de Roterdã desde o início do ano.

Resposta dos EUA e medidas futuras

As autoridades americanas prometeram avaliar as novas restrições e tomar “medidas permitidas” para mitigar os efeitos. A Casa Branca destacou a importância de diversificar as cadeias de suprimentos e reduzir a dependência da China. Entretanto, o país enfrenta dificuldades para encontrar alternativas viáveis. A única mina de níquel dos EUA, por exemplo, deve se esgotar até 2028, agravando a vulnerabilidade.

Empresas como a Perpetua Resources, que desenvolve uma mina de antimônio em Idaho com apoio governamental, e a United States Antimony, que refina o metal em Montana, veem na crise uma oportunidade para fortalecer a produção doméstica. Contudo, especialistas alertam que o desenvolvimento de novas minas é um processo demorado e desafiador.

Contexto geopolítico e desdobramentos

O anúncio chinês ocorre em um momento crítico, antes da posse de Donald Trump como presidente dos EUA. Durante seu primeiro mandato, Trump travou uma guerra comercial acirrada com a China e já sinalizou intenções de retomar tarifas sobre produtos chineses. Representantes do ex-presidente ainda não comentaram as novas restrições.

Enquanto isso, grupos industriais chineses incentivam a compra de semicondutores fabricados no país, afirmando que os chips dos EUA não são mais confiáveis. Especialistas veem medidas como uma resposta direta às ações de Washington. “Essa é uma guerra comercial sem vencedores”, avaliou Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China.

A disputa, que já abala mercados e cadeias de suprimentos globais, pode se intensificar nos próximos meses, ampliando o cenário de incertezas econômicas e geopolíticas.