Carros elétricos usados: O cemitério chinês e os riscos no Brasil
Carros elétricos usados: O cemitério chinês e os riscos no Brasil

Descubra os riscos e oportunidades de importação de carros elétricos usados no Brasil, com foco no cemitério de veículos elétricos da China e as preocupações sobre a segurança desses modelos
Nos últimos anos, o mercado de veículos elétricos (VEs) tem se expandido significativamente em todo o mundo, e o Brasil não ficou fora dessa tendência.
Cada vez mais, os consumidores optam por alternativas sustentáveis aos carros tradicionais movidos a combustíveis fósseis, reduzindo as emissões de carbono e contribuindo para a preservação do meio ambiente.
Entretanto, uma nova questão tem gerado preocupação: a importação de carros elétricos usados, por meio do Programa de Veículos Especiais e de Entusiastas (SEVS), tem levantado questões sobre a segurança desses veículos no Brasil.
O que é o Programa SEVS?
O Programa de Veículos Especiais e de Entusiastas (SEVS) foi criado para permitir a importação de veículos especializados ou históricos que, de outra forma, não estariam disponíveis no mercado brasileiro.
Originalmente, o objetivo era viabilizar a vinda de carros clássicos e modelos raros, mas nos últimos tempos, esse programa tem sido utilizado como uma forma de importação de carros elétricos usados de outros países, principalmente do Japão, Reino Unido e Estados Unidos.
Essa prática, embora ampla a oferta de veículos elétricos no Brasil, também levanta questões graves, principalmente no que diz respeito à segurança desses automóveis.
O que a ANCAP tem a dizer?
A Australasian New Car Assessment Program (ANCAP), autoridade responsável pela avaliação da segurança de veículos na Austrália, já se manifestou sobre o uso do SEVS para a importação de carros usados.
A ANCAP alertou que, embora o programa permita a chegada de mais modelos ao mercado, muitos desses veículos não são testados conforme os rigorosos padrões de segurança locais.
A ANCAP exige que, para a atribuição de uma classificação de segurança, um número mínimo de quatro unidades de um modelo seja testado. No entanto, os carros importados por meio do SEVS muitas vezes chegam ao Brasil em lotes pequenos, o que torna inviável a realização de testes abrangentes.
A falta desses testes coloca em risco a adequação dos carros importados aos padrões de segurança brasileiros, o que pode resultar na circulação de veículos que não atendem às exigências locais, como foi o caso de alguns modelos importados para a Austrália.
A perspectiva dos importadores
Apesar das preocupações da ANCAP, representantes do setor de importação de veículos, como Kristian Appelt, da Associação Australiana da Indústria de Veículos Importados (AIMVIA), discordam das preocupações sobre a insegurança dos veículos importados.
Segundo Appelt, o fato de um carro não ter sido testado pela ANCAP não significa, necessariamente, que ele seja inseguro. Ele argumenta que os carros importados de países como Japão, Reino Unido e Estados Unidos são fabricados com padrões de segurança equivalentes aos do Brasil.
Além disso, esses veículos passam por inspeções e modificações rigorosas para se adaptarem às Normas de Design Australianas antes de serem registrados.
Appelt destaca também que alguns modelos de carros elétricos importados, como o Honda-e de 2020, que possui uma classificação de quatro estrelas no Euro NCAP, e o Ford Mustang Mach-E de 2021, com cinco estrelas no mesmo programa, possuem boas classificações em outras jurisdições.
Isso sugere que, apesar da falta de testes pela ANCAP, esses veículos ainda são seguros para as estradas brasileiras.
O impacto da importação de carros elétricos usados no Brasil
Desde que a importação de carros elétricos usados começou a crescer no Brasil, a demanda por veículos mais ecológicos também aumentou.
Essa tendência reflete a preocupação crescente com a redução das emissões de gases poluentes e a busca por alternativas mais sustentáveis ao transporte tradicional.
No entanto, a importação de VEs usados traz à tona uma série de desafios, especialmente no que diz respeito à segurança dos modelos que não passaram por testes no Brasil.
Até junho de 2022, mais de 13.958 veículos reformados foram importados para a Austrália por meio do SEVS, com um número significativo deles sendo elétricos.
Essa tendência também está se refletindo no Brasil, que tem registrado um aumento na importação de EVs usados. A diversificação do mercado de carros elétricos no país é vista como positiva, pois amplia as opções disponíveis para os consumidores.
No entanto, é essencial que essa expansão seja acompanhada de uma análise rigorosa sobre a segurança dos veículos importados.
Necessidade de regulamentação mais rigorosa
A falta de testes de segurança em carros importados pela SEVS exige que o Brasil adote regulamentações mais rigorosas. O governo precisa garantir que todos os veículos, incluindo os elétricos usados, atendam aos padrões locais de segurança antes de serem liberados para uso nas estradas.
A implementação de regras mais estritas poderia ajudar a mitigar os riscos associados à importação desses veículos e garantir que os consumidores não fiquem expostos a perigos potenciais.
A crescente demanda por veículos elétricos no Brasil é positiva para a transição do país para uma economia de baixo carbono, mas é fundamental que essa mudança não comprometa a segurança dos cidadãos.
O país precisa equilibrar a urgência de aumentar a disponibilidade de carros elétricos com a garantia de que esses modelos seguros e adequados às condições brasileiras.
Desafios futuros
A questão da importação de carros elétricos usados no Brasil é complexa e envolve diversos aspectos. Embora o programa SEVS ofereça uma oportunidade de diversificação do mercado de veículos elétricos, ele também apresenta desafios em termos de segurança e adequação aos padrões locais.
O Brasil precisa adotar políticas mais claras e rigorosas para garantir que a importação de EVs usados não comprometa a segurança de seus cidadãos.
Com o crescimento do mercado de carros elétricos, é necessário que o Brasil continue seu caminho em direção a um futuro mais sustentável, mas sem deixar de lado a segurança nas estradas.
A implementação de regulamentações mais rigorosas e a realização de testes de segurança são passos essenciais para garantir que o Brasil atenda à demanda crescente por veículos elétricos, mas de maneira segura e responsável.
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