BYD traficou centenas de trabalhadores chineses irregulares para fábrica na Bahia, afirma auditora
BYD traficou centenas de trabalhadores chineses irregulares para fábrica na Bahia, afirma auditora
A BYD é acusada de trazer trabalhadores chineses com vistos irregulares e em condições análogas à escravidão para sua fábrica em Camaçari (BA), gerando polêmica nas relações Brasil-China
A montadora chinesa BYD, um dos maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo, se viu envolvida em uma grave denúncia no Brasil.
A empresa foi acusada de trazer centenas de trabalhadores chineses com vistos irregulares para a construção de sua fábrica em Camaçari, na Bahia.
A denúncia, que veio à tona no dia 7 de janeiro, foi investigada pela auditora do trabalho Liane Durão. A situação gerou um grande debate sobre as condições de trabalho e os direitos dos trabalhadores estrangeiros no Brasil.
A denúncia e as condições de trabalho
Uma investigação revelou que 163 trabalhadores contratados pela empreiteira da BYD, Jinjiang, estavam em condições análogas à escravidão no mês passado.
Além desses, cerca de 500 trabalhadores chineses no total foram trazidos para o país pela montadora, mas muitos já retornaram para a China ou estão saindo do Brasil.
De acordo com a auditora Liane Durão, a situação foi considerada totalmente irregular, e a empresa será multada por cada trabalhador encontrado nessas condições. No entanto, a auditoria não revelou detalhes sobre o valor total da multa.
As investigações apontaram que a Jinjiang, empreiteira contratada pela BYD, reteve os passaportes de 107 trabalhadores, configurando uma prática que é considerada tráfico humano pelas autoridades brasileiras.
A situação chamou a atenção do Ministério Público do Trabalho, que classificou como condições de trabalho encontradas como uma violação grave dos direitos dos trabalhadores.
Resposta da BYD
Em resposta às acusações, a BYD afirmou que cortou relações com a Jinjiang, que, por sua vez, contesta as denúncias feitas pelas autoridades brasileiras.
A empresa ainda alegou que acredita que os vistos dos trabalhadores foram emitidos corretamente e que todos os envolvidos no projeto vieram ao Brasil voluntariamente para trabalhar.
Além disso, a BYD se compromete a ajustar as condições dos trabalhadores que permanecerão no Brasil, garantindo que as leis trabalhistas brasileiras sejam respeitadas. A empresa também se comprometeu a garantir que os próximos trabalhadores contratados cumpram as normas e regulamentações locais.
Consequências e repercussão
O caso gerou um grande impacto nas relações entre o Brasil e a China, especialmente no que diz respeito às práticas trabalhistas de empresas chinesas no país.
A situação também trouxe à tona um debate sobre o modelo de negócios da China, que muitas vezes envolve o envio de trabalhadores chineses para os países onde investe, em vez de criar empregos locais.
Esse modelo é visto como um desafio para a geração de empregos no Brasil, algo que tem sido uma prioridade para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As autoridades brasileiras suspenderam a emissão de vistos temporários para a BYD, o que pode afetar o andamento da construção da fábrica.
A montadora chinesa está investindo US$ 620 milhões na instalação do complexo fabril em Camaçari, com capacidade para produzir até 150 mil carros por ano. A fábrica já se tornou um símbolo da crescente presença chinesa no Brasil, com o país sendo o maior mercado da BYD fora da China.
O Impacto no Mercado Automotivo
O caso também pode afetar os planos globais de expansão da BYD, especialmente em um momento crucial para a empresa.
O Brasil foi responsável por quase 20% das vendas internacionais da montada nos primeiros 11 meses de 2024.
Uma investigação sobre as condições de trabalho nas instalações da empresa na Bahia pode fundamentar a construção da fábrica e impactar qualidades a imagem da companhia em um mercado global altamente competitivo.
A BYD já enfrenta desafios para tentar expandir sua presença fora da China, e esse incidente pode ter repercussões em sua confiança.
A empresa busca conquistar a liderança no maior mercado automotivo do mundo, o da China, enquanto tenta se estabelecer como um dos principais fabricantes de veículos elétricos globalmente.
Fiscalização contínua
Os auditórios do trabalho continuarão monitorando as condições no canteiro de obras da BYD em Camaçari. O objetivo é garantir que os trabalhadores que permanecerem na fábrica sejam tratados de acordo com as leis trabalhistas brasileiras.
A fiscalização será essencial para que a empresa se recupere das acusações e demonstre compromisso com a proteção dos direitos de seus funcionários.
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