Nos últimos quarenta anos, a agricultura da China tem sido um dos maiores motores na redução da fome global, superando qualquer outro país nesse esforço.

Graças a rápidas reformas agrícolas e econômicas, o país alcançou avanços impressionantes na segurança alimentar e desempenhou um papel crucial no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), reduzindo pela metade o número de pessoas famintas entre 2000 e 2015. Veja todos os destaques sobre a agricultura da China.

Esse progresso também se refletiu em uma diminuição global de dois terços no número de pessoas sofrendo de fome.

Agricultura da China

O sucesso da agricultura da China também se reflete na estabilização da produção de alimentos, alcançada há mais de uma década. Desde 2012, a produção anual de grãos tem superado os 600 bilhões de quilos, alcançando um recorde de 695 bilhões de quilos em 2023.

Essa produção permitiu que o país ultrapassasse a linha de segurança alimentar global, com 490 quilos de grãos per capita, 22,5% acima do padrão internacional de 400 quilos. Além disso, a agricultura da China é autossuficiente em 95% da produção de grãos, com arroz e trigo, seus principais alimentos básicos, atingindo uma autossuficiência de 100%.

Essa diversificação na produção de alimentos, junto com o aumento da renda per capita, modificou os hábitos alimentares da população chinesa. Hoje, há um maior consumo de vegetais, frutas, ovos, produtos aquáticos e laticínios, refletindo uma alimentação mais saudável e diversificada.

Quatro Décadas de Progresso: A Trajetória da Agricultura da China

O desenvolvimento da agricultura da China pode ser dividido em quatro fases principais:

1. De 1949 a 1977: O início da produção agrícola
Após a fundação da República Popular da China em 1949, o país enfrentou grandes desafios. Naquela época, a produção total de grãos era de apenas 113 bilhões de quilos, com uma quantidade per capita de 208,9 quilos. Durante esse período inicial, o governo focou em aumentar a produção de grãos para garantir o abastecimento alimentar.

2. De 1978 a 2014: Reforma e abertura no setor agrícola
Com a introdução das reformas econômicas em 1978, o sistema de responsabilidade de produção familiar foi implementado, o que resultou em um aumento significativo na produção de grãos. Em 2012, a produção per capita ultrapassou a linha de segurança alimentar, com uma diversificação no fornecimento de alimentos após a adesão da China à Organização Mundial do Comércio em 2001.

3. De 2015 a 2021: Sustentabilidade e segurança alimentar
A partir de 2015, a China priorizou a sustentabilidade agrícola, introduzindo a política de “dupla redução”, focada na diminuição do uso de fertilizantes e pesticidas. Essa fase trouxe melhorias na qualidade dos alimentos e na adoção de práticas agrícolas sustentáveis, consolidando a agricultura da China como uma referência em segurança alimentar global.

4. A partir de 2022: O conceito de “big food”
Na fase atual, iniciada em 2022, o governo chinês está focado na diversificação do fornecimento de alimentos com base no conceito de “big food”. Isso inclui o uso de florestas, pastagens, rios e mares, além das terras agrícolas tradicionais, para atender às demandas alimentares da população.

Inovações Tecnológicas e Suporte Governamental na Agricultura da China

O uso de inovações tecnológicas tem sido fundamental para o sucesso da agricultura da China. O país investe em áreas como proteção de plantas, controle de doenças, cultivo de precisão e agricultura digital. Além disso, a modernização do maquinário agrícola e o desenvolvimento de práticas mais ecológicas têm sido fundamentais para garantir a sustentabilidade no setor.

A abolição do imposto agrícola em 2006 e a consolidação dos subsídios agrícolas em 2016 foram outras reformas essenciais que impulsionaram a produtividade. Essas medidas tornaram a agricultura da China mais competitiva e eficiente, garantindo um suporte financeiro contínuo aos agricultores.

Lições da Agricultura da China para o Mundo

Com desafios crescentes, como mudanças climáticas e degradação dos recursos naturais, a experiência da agricultura da China oferece lições valiosas para outros países. A China começou suas reformas no setor agrícola, o que garantiu que a maior parte da população se beneficiasse das políticas implementadas, permitindo uma transição gradual para o crescimento industrial e de serviços.

Além disso, a abordagem chinesa de otimizar padrões alimentares, promovendo o consumo de grãos integrais, frutas e produtos de soja, ao mesmo tempo, em que reduz o consumo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas. Essa é uma estratégia que outros países podem adotar para melhorar a saúde nutricional e proteger o meio ambiente.

O investimento contínuo em inovações tecnológicas e a implementação de políticas como o Plano Nacional de Construção de Terras Agrícolas de Alto Padrão (2021-2030) asseguram que a agricultura da China continue a desempenhar um papel crucial na segurança alimentar global.

Através da modernização rural e do desenvolvimento de tecnologias agrícolas, a China oferece um modelo viável para enfrentar os desafios globais relacionados à fome e à segurança alimentar.