A desaceleração da economia da China
A desaceleração da economia da China
A economia da China registrou no terceiro trimestre de 2024 a sua expansão mais lenta desde o início de 2023, destacando os desafios que o país asiático enfrenta para estimular o crescimento. De acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 4,6% em relação ao ano anterior nos três meses até o final de setembro, abaixo dos 5% esperados pelo governo para 2024. Esse resultado representa uma desaceleração em comparação ao trimestre anterior e sinaliza dificuldades persistentes para alcançar a meta anual.
Apesar da desaceleração, o resultado superou ligeiramente as expectativas dos analistas, que previam um crescimento ainda menor. Outras estatísticas oficiais divulgadas nesta sexta-feira, como as vendas no varejo e a produção industrial, também superaram as previsões, mostrando algum otimismo nos setores produtivos.
Desafios para o governo chinês
Esta é a segunda vez consecutiva que o crescimento oficial da China fica abaixo da meta de 5%, um sinal de alerta para o governo. De acordo com Eswar Prasad, ex-chefe da divisão da China no Fundo Monetário Internacional (FMI), a meta de crescimento do governo agora parece estar em “sério risco”. Ele destaca que, para atingir a marca esperada, seria necessário um estímulo substancial no último trimestre do ano.
Por outro lado, Harry Murphy Cruise, economista da Moody’s Analytics, acredita que as medidas de estímulo já adotadas podem ajudar o país a atingir a meta de cerca de 5% até o fim do ano. No entanto, ele alerta que isso não será suficiente para resolver os desafios estruturais mais profundos que a economia chinesa enfrenta, como a desaceleração no mercado imobiliário e as dificuldades nas exportações.
Setor imobiliário em queda
Um dos sinais mais preocupantes da desaceleração econômica é a queda nos preços das casas, que em setembro registraram a maior queda em quase uma década. O setor imobiliário, um dos pilares da economia chinesa, enfrenta uma crise de confiança, com grandes desenvolvedoras lutando contra altos níveis de dívida e compradores de imóveis adiando suas decisões de compra. A fraqueza nesse setor não apenas reduz o crescimento do PIB, mas também afeta os empregos e os rendimentos familiares, amplificando o impacto da desaceleração.
Medidas de estímulo e futuro da economia chinesa
Nos últimos meses, o governo chinês adotou uma série de medidas para tentar reverter a tendência de crescimento lento. Entre elas estão cortes nas taxas de juros, redução de impostos e incentivos para setores estratégicos, além de esforços para impulsionar o consumo interno. No entanto, esses esforços ainda não foram suficientes para gerar um impacto significativo.
Especialistas apontam que, embora as medidas tenham sido um passo na direção certa, será necessária uma abordagem mais ampla e focada em longo prazo. Isso inclui reformas para enfrentar os problemas estruturais, como a alta dependência do setor imobiliário e a necessidade de aumentar a inovação e o consumo interno como motores de crescimento.
O ritmo lento de crescimento no terceiro trimestre coloca a China em uma posição delicada, com a meta de 5% de expansão anual cada vez mais difícil de ser atingida. Embora as medidas de estímulo possam oferecer algum alívio, a crise no setor imobiliário e os desafios estruturais exigem atenção redobrada do governo. O futuro da segunda maior economia do mundo dependerá de sua capacidade de se adaptar a essas mudanças e enfrentar de forma eficaz os obstáculos que vêm pela frente.
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